N a paradisíaca Praia Formosa, onde os turistas sonham com um pedaço de céu e os residentes com um pedaço de sossego, surge uma nova atração: casas em construção ao longo do Hotel Roca, com um detalhe arquitetónico que ninguém consegue ignorar – um esgoto a céu aberto, como uma cascata de fragrâncias nada desejáveis, a desaguar diretamente no passeio público. É, sem dúvida, uma forma inovadora de atrair olhares, e provavelmente narinas, enquanto se passeia junto ao mar.
Os responsáveis por este espetáculo parecem ter encontrado uma solução única para "integrar" a infraestrutura local no ambiente natural da praia. Porquê investir em tubagens ou estações de tratamento, quando se pode simplesmente deixar a gravidade fazer o trabalho? É um exemplo de "sustentabilidade às avessas": o esgoto regressa à natureza, pela via mais prática e direta, mesmo que de ecológico não tenha nada.
Mas a verdadeira questão, claro, é: quem fiscaliza isto? Pois, num sítio tão bem frequentado e "zelado" como a Praia Formosa, era de esperar uma fiscalização exemplar. Talvez um ou outro fiscal lá tenha passado, mas quiçá se tenha deixado encantar pelo som da “cascata” que ecoa do esgoto para o passeio. Ou, quem sabe, achou que aquele aroma característico fazia parte do charme rústico do local.
Parece que, entre as várias autoridades, há um consenso tácito de que o melhor é deixar fluir, como quem diz, “a maré lava tudo”. E, assim, as casas vão crescendo, os tubos vão despejando, e os passeantes vão tapando o nariz – todos em harmonia, num quadro surreal onde a paisagem e o esgoto são um só.
Afinal, para quê resolver o problema, se se pode apenas fingir que ele não está lá? E quem sabe, no futuro, este trecho da Praia Formosa passe a ser promovido como uma atração para os turistas mais aventureiros: “Venha ver o último fenómeno urbano de descarte orgânico ao ar livre! E traga uma máscara.”
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 9 de Novembro de 2024
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