A renovação de votos oferece a oportunidade de demonstrar mais uma vez esse grande amor um pelo outro.
E stá a chegar aquela altura mágica do ano: o Natal! Os corruptos começam a preparar as suas listas de prendas, não para os familiares e amigos, mas para quem os ajudou a meter as mãos nos cofres públicos. É tempo de dizer "obrigado" por aquele ajuste direto tão simpático ou por aquele desvio de fundos europeu que foi parar, sem querer, à conta bancária das Ilhas Caimão.
Primeira paragem na ronda das compras de Natal dos corruptos: a loja da Carlinha, onde um par de sapatos exclusivos vai parar diretamente aos pés do presidente da câmara que fez vista grossa ao licenciamento daquela obra ilegal. "Sapatos Carlinha" de couro italiano, para pisar a legalidade com muito estilo. E claro, são sapatos com um sistema especial: quanto mais desvio de dinheiro, mais confortáveis ficam!
Para o assessor do "ministro", que facilitou aquela transferência marota, nada menos que um relógio Cartier. Porque nada diz "obrigado por ignorares a lei" como um mostrador de diamantes que custa o mesmo que o orçamento anual de uma pequena vila do interior. Afinal, o tempo é dinheiro, e se é para corromper, que seja pontual e elegante.
E como esquecer aquele autarca que "não viu nada" quando o empreiteiro começou a construir um resort em cima de uma reserva natural? Para ele, uma garrafa de vinho que faz parecer a declaração de IRS de qualquer mortal uma anedota. Um Barca Velha ou um Château Lafite de edição especial, para brindar às boas decisões, ou à falta delas.
Não nos esqueçamos do diretor do departamento de obras públicas, aquele que assinou o contrato das estradas que nunca vão ser construídas, mas cujo dinheiro já desapareceu. Para ele, um fim de semana num resort nas Maldivas, tudo pago, claro! Afinal, é importante relaxar e recuperar energias antes de começar a próxima ronda de subornos.
E para o amigo do primo do genro do tio do deputado, que conseguiu o milagre de fazer aquele concurso público ir parar às mãos certas, uma caneta Montblanc banhada a ouro. Não que ele vá usá-la para assinar algo importante – os contratos são sempre verbais, claro –, mas pelo menos fica bem no bolso do fato Armani.
Assim, no Natal dos corruptos, todos ganham. Ou melhor, todos os envolvidos nos favores. Porque, como se costuma dizer, "quem desvia dinheiro público tem que ter coração"! Ou, pelo menos, uma lista de presentes à altura.
Quando alguém nos oferece algo com a intenção de agradecer por um favor indevido ou por um comportamento antiético, a atitude correta a tomar é recusar o presente de forma clara e firme. Aceitar tal oferta pode criar uma situação de conivência com a prática indevida, perpetuando um ciclo de corrupção ou comportamento imoral.
- Deixe claro que não pode aceitar a oferta e que não é apropriado receber algo em troca de favores que violem normas éticas ou legais.
- Deixe explícito, de forma educada, que agir em função de interesses pessoais ou aceitar presentes em troca de favores é incompatível com princípios éticos. Isso ajuda a mostrar que a recusa não é pessoal, mas baseada em integridade.
- Documente o incidente, reporte o ocorrido à entidade ou instituição responsável, especialmente se estiver numa posição profissional. Isso protege não só a pessoa que recusa, mas também ajuda a prevenir problemas futuros.
- Mantenha a transparência: Se o presente for algo de valor significativo, é importante garantir que a situação é visível para evitar que a recusa pareça suspeita ou que possam surgir interpretações erradas.
Agir de forma ética é essencial para manter a integridade pessoal e institucional. Aceitar presentes em troca de algo indevido compromete a confiança e a transparência em qualquer contexto, e tomar a decisão correta, mesmo que desconfortável, reforça um ambiente de respeito e legalidade. Ajude a combater a corrupção. Não aceite nada que não seja o seu salário mensal e tudo o reste identifique, torne transparente.
Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 1 de Outubro de 2024
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