Juntos contra todos. |
I lustre leitor, prepara-se para um espetáculo raro, digno de um teatro do absurdo: a criação de uma Comissão Eventual para a Consolidação e Aprofundamento da Autonomia e Reforma do Sistema Político da Madeira, liderada por ninguém menos que Jaime Ramos Filho, herdeiro direto de um dos nomes mais notórios da política madeirense, Jaime Ramos Pai - homem cuja fama precede qualquer apresentação e cujo currículo é recheado de episódios de, digamos, "dúvidas éticas".
Imaginemos o cenário: uma comissão supostamente dedicada à "reforma" da autonomia da Madeira, mas com o toque de classe que só uma dinastia política pode proporcionar. De cara, perguntamos: que intenções mirabolantes, ou talvez miragens, estarão por trás dessa missão nobre e altruísta? Pois é, fica difícil engolir que, de repente, toda essa gente agora seja defensora ferrenha de um sistema mais transparente e democrático. Dizem que onde há fumaça há fogo, mas na política madeirense, a fumaça é densa e o fogo parece estar alimentado por combustível que não pára de pingar dos cofres públicos.
Primeiro ato: o pedinte profissional
A comissão, dizem, quer "revisitar e modernizar" o estatuto de autonomia. Quem acredita nisso? Ora, quem há de acreditar que o objetivo é apenas atualizar o tópico, será algo como "a Madeira, tão distante e isolada, precisa de mais recursos para seu desenvolvimento." Em outras palavras: mais autonomia, mas desde que venha acompanhada de uma mesada gorda de Lisboa. Porque autonomia com responsabilidade, convenhamos, não tem a menor graça!
Segundo ato: a consultoria de ouro
Agora, fala-se em consultas, em "pareceres técnicos" - porque todo o espetáculo tem a sua quota de especialistas bem remunerados. Guilherme Silva, por exemplo, é quase um figurante fixo nesse teatro: os seus pareceres custam 99 mil euros cada um. Imagino o conteúdo: uma análise emocional e chorosa sobre o sofrimento insular, a saudade do continente e a necessidade de mais autonomia - desde que não implique realmente abrir mão das benesses que chegam de lá. Uma obra-prima de contorcionismo argumentativo, como convém.
Terceiro ato: os empresários à espreita
Entra em cena o famoso Luís Miguel Sousa, aquela persona non grata - parabéns ao autor deste texto que saiu no CM, até conseguiria acrescentar mais algum non grato nessa lista, mas fica para um outro texto - que, ao que tudo indica, tem no seu coração uma luta pela Madeira, ou talvez apenas pela sua carteira. Ele tem os seus interesses bem definidos (como aquele ferry que vai, e volta... ou talvez não volta). Aliás, o ferry para o continente é a mais nova jogada, uma dança de interesses onde é quase impossível saber se o barco vai chegar ou desaparecer misteriosamente nas águas da burocracia.
É ou não é um teatro ambientado sob o sol madeirense? O final da peça ainda não foi escrito, mas parece que pode alegadamente acabar no fundo do mar…
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 27 de Outubro de 2024
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