A Saúde em Pílulas: Entre "Quem Muito Abraça, Pouco Aperta" e o Novo Hospital Monumental


N os últimos tempos, quem precisa de medicação no Hospital Dr. Nélio Mendonça, principalmente os doentes oncológicos, está a ver o tratamento a encolher mais rápido que roupa lavada em água quente. Antes, davam três pacotes de medicamentos, depois passou a ser só um. E agora, nem pacote nem nada, só uma mísera tablete com 10 pastilhas! Se continuarmos assim, daqui a pouco, vão dar um comprimido e dizer: "Parte ao meio, e vá com Deus!"

E isto não é exagero, não fosse eu testemunha em 1ª pessoa deste episódio quando fui buscar a minha medicação. O que antes era um abastecimento que durava 3 longos meses, agora é uma contagem de comprimidos como quem conta os trocos para o café. "Quem não tem cão, caça com gato", já diz o ditado, mas aqui nem gato nos sobra! Qualquer dia, vêm os medicamentos numa fiada, como os bolos do caco, e ainda nos dizem: "Tome uma fatia por dia!"

Enquanto isso, o que não falta são grandes promessas para a saúde na Madeira. Quem já ouviu falar no novo hospital? Ah, esse sim é coisa fina! Uma construção que faz lembrar as torres de Dubai, uma autêntica "ilha dentro da ilha". Como diz o nosso povo, "quem muito abraça, pouco aperta", e, enquanto constroem esse monumento, lá vão apertando no que interessa: medicamentos! Dizem que vai ser o hospital dos sonhos, mas de que nos vale um palácio se lá dentro só encontramos uma migalha de medicação? 

A saúde por cá virou uma obra de arte. "Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão", e parece que o Governo Regional está mais preocupado com o "pão" do hospital novo do que com o "pão nosso de cada dia" que é o remédio para quem está doente. Há dinheiro para betão e tijolo, mas para comprimidos, "é um olho fechado e outro aberto", como quem vê de longe.

O problema é que a construção vai de vento em popa, como quem diz: "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". Só que enquanto as paredes sobem, a saúde dos madeirenses desce. "Quem espera, desespera", e os doentes oncológicos já vão ficando sem fé e com menos medicamentos do que dias do mês.

É bonito ver um hospital novo a nascer, mas como diz o nosso velho ditado: "Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar". O povo precisa é de medicação, de tratamentos e de cuidados agora, não daqui a uns anos quando as portas do novo hospital se abrirem. Porque até lá, se as coisas continuarem assim, só se estiverem a construir o hospital para os turistas tirarem fotos, porque de saúde, já pouco sobra.

Em resumo: "Quem semeia ventos, colhe tempestades", e o povo da Madeira só quer saber de uma coisa – menos paredes e mais remédios. O que interessa ter o hospital mais bonito da Europa se, lá dentro, a receita for só uma tablete de 10 pastilhas?

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 10 de Setembro de 2024
Todos os elementos enviados pelo autor.

Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira