R ecentemente, uma pergunta circulou no ambiente mais suspeito de todos – a Assembleia da República – que deixou muitos madeirenses com a sobrancelha levantada e a poncha meio entornada: será que a Madeira é um antro de gangsters e associações mafiosas?
Ora, por favor! Se há algo que a Madeira sabe organizar bem, são festas tradicionais e trilhos pelas levadas, mas se falarmos de máfia... talvez seja uma máfia de espetadas e bolo do caco, com alguma rede criminosa de poncha feita com maracujá (a verdadeira maldade está aí, meus amigos). Dizem que por cada copinho de poncha mal batido, uma alma se perde na serra.
Mas e os "gangsters"? Olha, se por gangsters entendes aqueles senhores de chapéu de palha a jogar dominó no café, enquanto discutem a melhor hora para regar a horta, então sim, é uma quadrilha da pesada. Falam com códigos tão complexos que ninguém de fora percebe nada: “Amanhã, às sete, começa a rega”. Tem que se estar por dentro para entender o que está em jogo.
E quanto às "associações mafiosas"? A única associação que mete medo na Madeira é a associação de vizinhos que, quando se juntam, fazem um arraial de Sancho Pança parecer um piquenique de chá e bolinhos. Basta aparecer a "tia Zulmira" com a sanfona, e o caos está instalado. Não se espantem se houver uma disputa territorial pela mesa das lapas.
De resto, se formos máfia, somos a máfia Ad Initio. O filme está a começar. E ninguém sai sem uma lembrançazinha... um disco duro, um dossier em papel, um computador, uma pen drive, etc.
O verdadeiro mistério mafioso é o segredo da poncha perfeita, e quem controla esse segredo... controla a ilha! Não é verdade sr. Miguel Albuquerque?
E as associações mafiosas?
Bom, se existe uma "Cosa Nostra" aqui, ela deve estar relacionada com as batatas-doce, porque nunca vi tanto empenho em cultivar algo com tanto cuidado. O verdadeiro "chefe mafioso" é o senhor do mercado, que decide se te vende a melhor fruta ou se vais embora com um saco de castanhas murchas. Ou então as temidas "tias do bolo de mel". Cuidado com essas senhoras, que te enfiam fatias atrás de fatias e só param quando tu já não consegues respirar. Saem de fininho, com um sorriso nos lábios, sabendo que ganharam mais uma vítima para o lado da gula.
E quanto às "zonas de controlo territorial"? Há, sim senhor! Tenta invadir uma esplanada ao domingo de manhã, quando os locais estão a tomar a bica. Vais descobrir que há um código rígido. As cadeiras cativas são mais difíceis de conquistar que a Costa Amalfitana, e só te deixam sentar se fores afilhado do dono do café – ou se comprares um bolo de mel inteiro!
Além disso, a verdadeira quadrilha é a dos taxistas que, com uma precisão cirúrgica, te "sequestram" com histórias épicas sobre o primo do vizinho que uma vez viu o Cristiano Ronaldo no aeroporto, ou como os calhaus da Madeira são os mais resistentes do mundo. Se pagares mais, até te contam segredos como o melhor lugar para ver o pôr do sol... ou onde fica o melhor prego no bolo do caco (informação essa guardada como se fosse o Santo Graal).
E claro, não podemos esquecer a "omertà" insular. Aqui, ninguém denuncia ninguém, não porque há medo de represálias, mas porque há um pacto de silêncio que protege os segredos mais íntimos da vida madeirense.
Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 24 de Setembro de 2024
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