P or estas páginas do nosso Correio da Madeira (faz bem o CM não deixar abusar) correm vezes sem conta a palavra "insustentabilidade", nas variadas formas. As pessoas, formadas na matéria ou com capacidade de alcançar o que significa "insustentável", vão alertando as autoridades para o facto de em ritmo acelerado de alterações climáticas, as pessoas não ganham novos costumes, mas sobretudo que os oligarcas e oligarcazinhos da hotelaria e do Alojamento Local, empurram o pior secretário do turismo de sempre a lhes satisfazer a gula, fazendo um sucesso fácil de chamar companhias de low cost, subsidiar a passagem através de um acordo de publicidade do destino e encher a Madeira desregradamente. Tudo é batota, faz-se mal mas parece bem, é o que importa para as narrativas e o jornalismo. Até se pesca em reservas para "estudo".
As pessoas sentem insustentabilidade quando estão na rede viária, sentem insustentabilidade por ver as serras tão atascadas de turistas que não dá para espairecer... porque vamos nos sentir como num congestionamento de trânsito. As pessoas sentem insustentabilidade quando percebem que os preços estão inflacionados pelo monopólio dos portos, pela não fiscalização das autoridades do abuso dos supermercados com concertação de preços, e nos custos das casas. Mais gente na Madeira fez subir os preços para o nível das pessoas que não vivem a nossa realidade pode pagar, os preços a que estão acostumados nas suas terras, que têm um poder de compra muito superior ao nosso, é preciso lembrar que estamos na cauda da Europa e até alguns países do "ex leste" nos dão baile.
A paisagem está a mudar, eu sinto porque em casa tenho um pequeno jardim e algumas espécies que sempre lá estiveram começaram a ficar feias, transplantá-las não era solução, iriam morrer. Optei por colocar sobre o jardim uma rede de ocultação das obras, aquela tela verde, que corta a incidência do sol. Noto as plantas a recuperar, mas fico sempre a pensar nos incêndios, nas faúlhas pelo ar que farão desta tela um pitéu. Mas, e as nossas serras? Não estarão também em stress de seca, as temperaturas mais altas, a falta de chuva, o vento que ajuda a secar, a condensação que baixa não vão colocar em risco a nossa floresta, é que colocar uma rede de ocultação é utópico. Se não há para a floresta, ainda menos para as nascentes. É preciso notar que o norte da ilha receptor da água também sente as alterações climáticas.
Em vez de fazermos pesca na maior área marinha de proteção total da Europa, a Reserva Natural das Ilhas Selvagens, deveríamos estudar o clima no qual vamos estabilizar, se é que vamos, teremos com certeza de introduzir novas espécies, a menos que as infestantes tomem conta do resto... sempre em sucesso pelos jornais. Precisamos de pessoas sérias no Governo Regional, capazes de estar à altura dos desafios, com uma política de gestão florestal adequada, com persistência e regas nas reflorestações e não se ficarem satisfeitos pela factura emitida e paga, fim da relação. Estamos nas últimas oportunidades de mitigar.
Precisamos de técnicos e não de políticos à frente destas áreas, pessoas impolutas, regradas e com força de imposição da verdade e do tecnicamente certo, não de mais políticos que passam a vida em asneiras, a governar para as páginas dos jornais (que os cobrem a troco de publicidade ou Mediaram) e a garantir o tacho, fazendo tudo o que está errado para satisfazer as oligarquias que nos destroem por todo lado.
Para alguns, este meu texto até aqui é palha, mas por estas malditas redes sociais, por onde passa a informação que a ditadura não permite sair, já há casos que atingem os cérebros mais cristalizados, porque o ambiente e as alterações climáticas começam a entrar dentro de casa:
Ontem a água faltou no Jardim da Serra. Não foi corte para obras. A água pura e simplesmente acabou. Não havia mais. Esgotou! Camiões cisternas tiveram de ir abastecer o reservatório da Corrida. Esta situação é comum no verão. Tanto comum que os jardinenses costumam ter reservatórios em casa para ter uma reserva de água no caso de ficarem sem água da rede. Sabendo que é a partir deste reservatório que uma estação elevatória vai fornecer água ao futuro restaurante panorâmico da Boca da Corrida. ( O tal restaurante incluído no projeto de teleférico e parque aventura que pretende alterar para sempre este sítio natural que era de exceção e passará a ser desqualificado com este projeto público-privado que tira a uns para dar lucro a outros). Quantos camiões cisternas terá a ARM de mandar vir anualmente para encher o reservatório da Corrida? A água que já não chega para as necessidades da população irá chegar para tudo? (link)
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 14 de julho de 2024
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