Tutti Aldrabonis!

D epois de passar horas divertido no canal da CNN-Portugal, a ver o ministro João Galamba a ser esquartejado pela “Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP”, senti saudades da Comissão de inquérito às “Obras Inventadas” da nossa Assembleia Regional. Que amadores que eles são!

Parece inacreditável, mas nenhum dos inquiridos se lembrou de dizer que o ministro “teve a sua hora de burro” quando chamou o SIS e o assunto ficava logo ali encerrado. Do que mais gostei foi da presença da nossa deputada Patrícia Dantas que, com aquele ar solene e interessado, deu alguma seriedade ao circo.

Mas o melhor estava para vir! Quando todos pensavam que o Partido Socialista iria ser trucidado e enviado para eleições antecipadas pelo Presidente da Republica, o Ministério Público lembrou-se de trazer para a agenda mediática o caso Tutti Frutti, que parece ter outro sabor porque mete o PSD ao barulho. 

Felizmente para todos, entretanto o Benfica ganhou o campeonato e durante dois dias, os media esqueceram-se da política e pudemos descansar um pouco.

Depois do futebol e voltando ao assunto, ainda não percebi muito bem, mas segundo as suspeitas, o ministro Fernando Medina (então Presidente da Câmara de Lisboa) combinava com o PSD a apresentação de candidatos mais fracos para que o PSD ganhasse algumas Juntas de freguesia de Lisboa, em troca do bom comportamento. Mas se tudo isto já é moralmente duvidoso para o eleitor, as suspeitas não terminam por aqui e, no mesmo caso, acusa-se o PS de criar tachos fictícios para o PSD na Assembleia Municipal. 

Mas, o que parece que chocou mais os portugueses, foi as escutas do Tutti-frutti terem revelado que nas eleições internas do PSD havia o pagamento de quotas para ressuscitar militantes. 

Segundo o Ministério Público estão em causa quatro crimes, o de  corrupção, o de financiamento partidário proibido, o de tráfico de influências e o da participação económica em negócio.  

Já chegamos à Madeira? Já lá vamos!

Em 2014, Miguel Albuquerque, Manuel António Correia, João Cunha e Silva, Miguel Sousa, Sérgio Marques e Jaime Ramos (acho que não me esqueci de ninguém) concorreram à liderança do PSD-Madeira, que resultou numa grande afluência às urnas de 89% de militantes ressuscitados devido ao pagamento indevido de quotas pelos apoiantes dos candidatos. Mas se o pagamento de quotas a terceiros possa ser considerado imoral senão ilegal, o que dizer das fotocópias de votos?

Se em Portugal fica-se chocado por alguém oferecer tachos na Administração Pública para ter um ordenado e não fazer nada, o melhor mesmo é nem falar da Madeira. Quanto ao financiamento ilegal de partidos, tenho a certeza de que o Ministério Público não irá encontrar nada similar aqui na Madeira.

Como epílogo de tudo isto, a minha dúvida agora é se o PSD-Madeira interferiu de alguma forma na escolha do líder do maior partido da oposição. Para o bem da democracia esperemos que não.

Enviado por Denúncia Anónima.
Terça-feira, 30 de Maio de 2023
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