A vida fora da bolha presidencial


Ontem foi notícia que o Japão descobriu sete mil ilhas que não sabia que tinha. Hoje é notícia que o presidente do governo madeirense não conhece o povo que tem.

A lbuquerque, como qualquer bom líder totalitário que se preze, tem lançado dúvidas várias sobre os indicadores emitidos, quer por entidades nacionais, quer pela Direção de Estatística do seu próprio governo, porque esses indicadores chocam de frente com aquele pequeno mundinho que rodeia o seu executivo de gente que não ganha menos que 2.800€ mensais, mais o que fazem fora do expediente à custa das negociatas do seu governo. 

Sem visão que se alargue, o pequeno grande líder regional está desfasado da realidade, não conhece quem governa, não reconhece os problemas destes, é incapaz de perceber que os tachos que distribui são os únicos privilegiados da sua governação.

Façamos as contas, para que Albuquerque então perceba como é que existem madeirenses a viverem com 551 euros:

  • Mais de 70% dos pensionistas recebem pensões abaixo dos 500€. São 70% de 66.000 pensionistas na Madeira, que dá cerca de 46 mil pessoas. A pensão mínima do regime geral são 220€, mas mesmo dando de barato os 4.000 que recebem complemento solidário de idosos, o que não quer dizer que cheguem aos 551€, sobram ainda 42 mil.
  • Existem 5 mil programas de emprego no IEM, a maior parte de pessoas não qualificadas, cerca de mil essencialmente “estagiários” que recebem, entre subsídios e complemento das empresas, o valor do IAS (480€). Mesmo retirando, generosamente, mil desses programas, sobram 4 mil.
  • Existem 7 mil desempregados registados que não têm direito a subsídio de desemprego.

Só nas contas fáceis já vamos em 53.000. 20% da população madeirense.

Depois existem, fora destes, mais 40.000 pessoas inativas que não se sabe o que fazem, vão aparecendo nas estatísticas e possivelmente vivem de um outro “caruncho”, mas nem vale a pena tocar neles por se desconhecer os seus reais rendimentos e condições de vida. Conhecem-se sim, mais de 9 mil agregados familiares de dimensão desconhecida sem rendimentos. Fica a dica para o tal estudo da pobreza.

Falemos então das famílias.

  • Metade das famílias com filhos na Madeira têm pelo menos um elemento desempregado.
  • Qualquer casal com 2 salários mínimos e um filho tem menos de 551€ por pessoa para viver.
  • Qualquer casal com 2 filhos, mesmo com 2 salários médios na Madeira, acaba por ter disponível menos de 551€ por mês.
  • Famílias que albergam os seus mais idosos, famílias populosas que vivem de poucos salários, famílias que apertam o cinto para alimentar todos os seus elementos de várias gerações, famílias com elementos dedicados a um outro elemento com problemas físicos ou mentais. Deixo ao critério de cada um, ao ler isto, saber se identificar e pensar “sim, incluo-me num destes cenários”.

Aos rendimentos baixos, juntam-se os preços proibitivos na habitação, juntam-se os atrasos na saúde que força o uso do privado, junta-se o transporte que encarece diariamente, junta-se a conta do supermercado sempre a crescer. O presidente, esse, vive confortavelmente com o seu vencimento superior a 6.000€, fora despesas de representação, fora as viagens milionárias e as vendas (in)suspeitas aos grupos do costume. E com isto ainda goza na cara das pessoas que não conhece e de quem não quer saber.

Já agora, quem irá responder às perguntas da comissão de inquérito? O meu palpite é que sairá mais um ajuste direto para o Coito Pita. Já bastam as barbaridades que diz, não convém colocá-las por escrito.

Ampliar

Enviado por Denúncia Anónima.
Sábado, 04 de Março de 2023
Todos os elementos enviados pelo autor.

Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira