O Monstro


H á algum tempo que não ouvia ninguém a falar da dívida. A entrevista de hoje do DN ao presidente do PS faz uso de vários indicadores, mas sobressai uma: o monstro da Madeira, a dívida, aumentou nos últimos 4 anos.

A ginástica estatística do nosso (des)Governo, para os mais incautos, é de dividir o valor global em dívida direta e dívida indireta para brincar com os valores ou de comparar o valor da dívida atual ao valor de 2012, altura em que começou a ser incluída a dívida oculta, o buraco pelo qual o «twitas», o herói forjado desta terra, nunca foi preso.

O apontamento sobre a dívida nesta entrevista é talvez o mais pequeno, mas o mais preocupante. Quase chegados ao fim de mais um mandato, a dívida aumentou. As desculpas são as habituais: a crise financeira, o plano de ajustamento, a pandemia, a guerra, Lisboa. Joga-se o dado e escolhe-se uma. É de uma pobreza mental assustadora e reveladora daquilo que passa entre os pingos da chuva na região, quando qualquer argumento, mesmo que falso, serve para o braço armado da Rua dos Netos fazer passar a mensagem sem dificuldade.

Quando se atingem valores recorde, o problema é a leitura que se faz (link). Nunca nada está mal neste cantinho, e se alguém alerta para um problema, convém ser silenciado o mais rapidamente possível, mesmo usando uma mentira.

Sejamos pragmáticos. A dívida em si não é um problema, problema sim é a diferença avassaladora entre aquilo que se paga sobre ela e o quanto ela não desce. Afinal de contas, com quase 2 mil milhões de euros em 4 anos seria de esperar que a dívida baixasse significativamente, mas eis que o valor até aumenta! 2 mil milhões são 8000€ por cada madeirense. Os impostos não baixam por causa da dívida, os apoios são residuais por causa da dívida, o Governo não pode fazer mais por causa da dívida e, ainda assim, não há maneira de refrear o monstro.

O que me leva à questão: Como se está a alimentar o monstro?

Os apoios a conta-gotas que são anunciados contrastam com os investimentos multimilionários que o nosso presidente tanto gosta de anunciar. 

As pessoas passam fome com o aumento dos preços? Tomem lá meio milhão para ajudar uns poucos desgraçados, mas venham visitar o novo campo de golfe que custará 20 milhões. 

Estão dezenas de milhares de pessoas à espera de uma cirurgia? Tomem lá meia dúzia de milhões, enquanto se enterram mais de 100 milhões na Pontinha num alargamento que só mesmo a Cabaço quer. 

Precisam de fazer face às taxas de juro? Um milhão de meio já é muito, vejam-me esburacar o Funchal todo para fazer um túnel do Dubai à via rápida.

E assim cresce o monstro, engolindo o suor e o sangue dos madeirenses. Os que não se põem a pau, são engolidos também. Até quando?

Enviado por Denúncia Anónima.
Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2022
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