Estimem o voluntariado para não faltar.


N o passado dia 5 de Dezembro foi celebrado o dia do Voluntário. Na RAM, a ONG com o papel mais determinante na sociedade civil é a Cruz Vermelha, não só por conhecer o seu trabalho de perto, mas também pela relevância dos atos altruístas dos seus voluntários que marcam as ocorrências diárias.

Decerto que se trata de um tipo de voluntariado diferente, requer coragem, resiliência e disponibilidade. A emergência pré-hospitalar é um ramo de grande desgaste para os voluntários. Submetem-se ao desgaste físico e psicológico, fazem noites e dias sob todas ou algumas condições adversas.

Uma vez que na Cruz Vermelha o trabalho é plenamente voluntário, que condições são providenciadas para manter algumas pessoas interessadas em colaborar durante anos? 

Diria eu que vai mesmo da humildade da pessoa e do gosto que tem pelo trabalho que desempenha, porque condições para exercê-lo começam a ser discutíveis. Não, não são as ambulâncias que eu falo. 

Fora das ocorrências, os voluntários têm o seu espaço de convivência. Aparentemente tudo funcional. Uma cozinha semi-industrial equipada a pedido dos voluntários para confecionar a sua própria comida in loco há uns anos atrás. No início foi bem visto, mas a realidade atual é que, quem lá está semanalmente tem de sofrer com o facto do fogão funcionar com 2 bocas. Íamos lidando se não fosse só isto. Renovaram a cozinha, mas os utensílios de cozinha mantiveram-se: panelas sem asas, tabuleiros encrustados com ferrugem, facas desgastadas, esfregões que passam dias e mesmo negros de uso, não são substituídos. O material de limpeza serve da mesma crítica: os baldes de plástico partidos e as esfregonas de 1980 com o cabo de madeira vão dando o seu melhor. E os voluntários também: Com relatórios atrás de relatórios e melhoramentos, zero. 

A comida sempre vem bem conservada e em doses adequadas, excetuando uma situação: Nos apoios a eventos, como os voluntários vão para o exterior, levam sandes, frutas e barras de cereais providenciadas por uma empresa do exterior. Tudo bem. Mas já aconteceu levarem sandes de preparação superior a dois dias e com cheiro pouco digno. 

Havia pormenores, mas quero focar no quão pouco digno começa a ficar o voluntariado. Os líderes que estão lá todos os dias e a sociedade em geral (porque recebe o serviço dos primeiros), têm de começar a refletir e a pensar que condições pretendem dar aos voluntários a 100%.  

Desde 2020, tenho notado uma saída extraordinária de voluntários da Cruz Vermelha. Já não são mais de uma centena como antes. Os restantes vão se aguentando em “família” e apoiam-se uns aos outros. De facto, não me parece falta de dinheiro, mas sim falta de atenção e cuidado até porque estes e outros voluntários mereciam trabalhar com o melhor material para Servir bem.

Enviado por Denúncia Anónima.
Terça-feira, 6 de Dezembro de 2022
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