P or razões que todos sabem não posso assinar este texto, mas existo. O que vou contar aconteceu. Estudo na Universidade da Madeira porque não tenho possibilidades financeiras para sair daqui. Tomara eu. Para aguentar faço quatro horas numa loja de moda feminina todos os sete dias da semana. Sei o que é trabalhar. E gosto que me respeitem como empregada.
Aconteceu na semana passada uma cena à porta da sala onde ia ter aulas que me deixou confusa e nervosa. O professor ia a entrar quando foi barrado por um homem e duas mulheres que insistiam para ele receber um envelope e assinar um papel, que não percebi ao certo o que era. O professor dizia que não assinava e esse homem ameaçava e as mulheres que o acompanhavam pareciam envergonhadas. Depois ouvi, eu e a turma, o professor dizer que mandassem por correio para a sua casa. Mas eles teimavam e não queriam deixar o professor entrar na sala. Uma minha colega disse que o agarraram pelo braço e empurraram para trás mas eu não vi isso, porque fiquei nervosa e pus-me mais para trás.
O professor ficou nervoso e já não deu a aula como tinha pensado, mandando a turma fazer um trabalho. A turma é que perdeu.
Eu não consegui fazer o tal trabalho e estive todo o tempo a falar com um pequeno grupinho de colegas da turma para sabermos o que a gente devia fazer para defender o nosso professor. Com medo da vingança da UMa, decidimos escrever este texto para o Correio da Madeira, que aceita denúncia anónima. E com o acordo de algumas das minhas colegas que juraram manter segredo, estou a enviar esta carta e espero que publiquem, porque o que se passou foi uma bruta duma vergonha – ver um professor que a turma gosta, mesmo que não gostasse, a ser assim tratado na frente dos alunos. E depois vêm dizer que os alunos é que faltam ao respeito aos professores. Mas aqui quem falta ao respeito e dá maus exemplos é a UMa. Até a gente pergunta se um Reitor que deixa fazer cenas como a que eu e as minhas colegas assistiram está a respeitar os professores da UMa.
Muito obrigado.
Maria (nome fictício)
Enviado por Denúncia Anónima.
Segunda-feira, 28 de Novembro de 2022
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