Sempre foram invejosos


C hegou o Verão, a estação preferida de muitas pessoas, acompanhado pelo regresso à normalidade no pós pandémico. São muitos os cartazes oferecendo festas um pouco por toda a ilha da Madeira, como se houvesse uma competição oficial: qual é a freguesia ou o sítio que oferece o melhor programa festivo ou quem é que convidou os melhores artistas e bandas? Para entreter as muitas pessoas que cá vivem e os nossos tão estimados emigrantes, que têm sempre um gostinho de escolher esta altura do ano para visitarem a sua ilha do coração, sem esquecer os muitos carinhosos turistas que também nos vistam.

No meio de tanta azáfama, se tivermos dois minutos para a conversa com alguns dos conhecidos que estão presentes e que encontramos nestas festas, o assunto é unânime: “Crise”; “Isto está reles”; “Não sabemos para onde vamos”; “Está todo muito mais caro”; “Rali”; “A infeliz morte de uma inocente”, entre outros tantos temas, estes são os mais repetitivos.

Até se estivermos mais atentos, nas próprias festas, ao deixarmos de olhar para o palco e olharmos à nossa volta, veremos que muitos após uma bebida ou duas, estão de mãos vazias à espera que alguém os convide para mais uma(s) bebida(s). Vemos também pessoas a degustar das barraquinhas que oferecem algo para confortar o estômago ou para a delicia dos mais pequeninos que acompanham os seus familiares adultos. Mas nada tem a ver com anos anteriores, e de outros tempos então, está muito longe de lá chegar. 

Quantos se lembram quando a Venezuela, a Africa do Sul, a Inglaterra e do estrangeiro em geral, onde se encontram os nossos queridos familiares emigrantes, eram sinónimo de abundância e riqueza? Que estávamos todos ansiosos que chegasse as festas do Verão, para recebermos as visitas dos amados familiares “embarcados”, porque era sinónimo de recebermos umas prendinhas, docinhos e também de podermos ir às festas e haver alguém que nos pagasse as bebidas e oferecesse algo para degustarmos, das barraquinhas que oferecem algo para reconfortar o estômago. “Meia vaca se faz favor, cinco litros de vinho, dois litros de laranjada e uma garrafa do whisky”. Nesses tempos, não havia cartazes, os artistas eram poucos e barraquinhas vendiam bastante. Todo o mundo era feliz!

Entre as muitas ofertas de festas existentes um pouco por toda a ilha, quase todos os fins-de-semana, no Verão, durante a semana é altura de irmos até às praias, piscinas para banhos e de também irmos até as nossas lindas serras paisagísticas. Ao passearmos por estes lindos vales e montanhas, dá depois umas roezas. Quando paramos nos muitos restaurantes existentes um pouco por toda a ilha, independentemente de onde nos encontramos, e das decorações, deparamos quase sempre com menus muitos semelhantes: “Picados”; “Pregos”; “Hambúrgueres”; “Espetada”; “Peixe espada”; “Atum”; “Batatas fritas”; “Milho frito”; “Francesinha”. Pouco muda de restaurante para restaurante. Os muitos chefes de cozinha que se encontram à frente das cozinhas destes restaurantes, não apreenderam a confecionar nada mais, para além deste pratos? Porquê  têm que ser quase todos tão repetitivos nas suas ofertas? O mundo da cozinha é um universo sem fim. Depois porquê que nós como clientes, temos que ouvir dizer mal dos outros restaurantes e vocês é que são sempre os melhores em oferecer o menu quase todo igual ao do outro (tirando uma ou outra coisa)?

Também nos deparamos com a qualidade dos serviços quando nos atendem. Os funcionários são quase sempre inexperientes, mesmo aqueles que depois de um minuto de conversa descobrimos que já trabalham há anos. Porque os patronatos não lhes oferecem formações: de atendimento ao público; de higiene; de segurança alimentar? Porque estão pondo em perigo não só a saúde dos seus trabalhadores como também a saúde dos clientes? A cozinha é um perigo para o crescimento de bactérias, vírus e contaminação alimentar, tem que estar sempre limpa e a comida tem que estar toda rotulada e guardada nos seus devidos lugares apropriados e o manuseio dos alimentos deve ser feito com todo o cuidado que é sempre pouco. Assim, na maioria dos casos, somos surpreendidos pelo mau atendimento por falta de formação básica dos empregados de mesa e balcão.

Para além da famosa poncha, na maioria dos restaurantes os empregados de balcão não sabem fazer outros cocktails ou outros tipos de café. Também ouvimos muitos queixumes dos próprios empregados sobre as longas horas que trabalham no Verão e bem poucas no Inverno. Não existe um horário regular definido. E que na maioria dos casos as horas extra não são contadas, porque as contas dos ordenados é feita mensalmente. A maioria dos empregados ficam surpresos por saberem que no estrangeiro os pagamentos são feitos semanalmente e contados por horas, e que também as horas extra valem mais que as horas normais.

Para além dos muitos lugares lindos que a Madeira nos oferece é com uma enorme tristeza que nos deparamos com estas situações de mal tratarem os empregados que honestamente trabalham para sustentar suas famílias. Os Patrões são invejosos por não querem o melhor para os seus empregados, querem tudo só para eles. Os ricos são muitas vezes invejosos por não quererem que os pobres também tenham direito a melhores condições de vida. Isso vê-se claramente aqui na Madeira, existe muita inveja de uns para com os outros.

Um abraço a todos aos Madeirenses

Enviado por Denúncia Anónima.
Quinta-feira, 11 de Agosto de 2022
Todos os elementos enviados pelo autor.

Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira