A nova equipa do Correio da Madeira



Saudosismo anacrónico.

O anúncio extemporâneo de que o Correio da Madeira vai fechar a 15 de agosto apanhou de surpresa todos os partidos políticos regionais. Entre orgasmos de regozijo e manifestações de alguma tristeza, soube-se que alguns conhecidos políticos colocaram o lugar à disposição, porque sem o Correio da Madeira, a política regional vai perder toda a piada. Agora quem é que vai bater forte e feio nos políticos corruptos? Agora vão ter todos de voltar à chatice das malas de dinheiro vivo e abandonar o Bitcoin digital? O que fazer agora com a PEN que tem o número secreto da carteira Bitcoin? Será que dá para gravar as músicas da Rebeca?

Entretanto, a reação dos poucos democratas madeirenses sobre o fecho do Correio da Madeira não se fez esperar e as filas de voluntários à porta da Redação do CM ultrapassaram a esquina do Golden Gate, todos ávidos para escrever na plataforma a que Jardim apelidou de “gente perigosa”.

O Tó Fontes chegou a pé do Clube Naval do Funchal, ainda molhado e vestido com aqueles calções floridos lindos, louco para continuar a escrever a sua saga sobre “broxelas” cujo fim promete ser muito parecido com o “e tudo o tempo levou”. 

O irreverente Gil Canha comprometeu-se a escrever sobre tudo o que lhe apetecer desde que não seja anónimo e que também não seja necessário assinar o seu nome, por isso ficou decidido que irá optar pelo pseudónimo “Gil Vicente” ... ridendo castigat mores.

Já o descomunal Nuno Morna exigiu dois parágrafos sobre os livros e discos que conhece e quatro sobre aqueles que nunca leu ou ouviu, mas como culto e educado que é, perguntou se podia escrever apenas sobre as virtudes do Liberalismo, já que foi desaconselhado a escrever mais sobre Pedro Calado no Diário. 

Os porquinhos de estimação da Rubina Sequeira foram os mais exigentes e perguntaram se podiam usar o gabinete do Chefe de Redação para defecar e, como a exigência foi logo aceite, aproveitaram a ocasião para entregar já o seu primeiro artigo “Ronk Ronk Miguel!”

Entretanto, um ilustre economista do partido socialista disse que estava na fila apenas para protestar e dizer que nunca irá escrever no Correio da Madeira sobre monopólios ou portos porque ainda não percebeu se o CM é carne ou peixe. Temos pena!

Na fila estavam também os diretores dos jornais regionais disfarçados de bananas rogando por uma oportunidade para poderem escrever anonimamente o que lhes vai na alma.

No fim da fila, com a cara protegida por uma máscara cirúrgica, um militante anónimo do PSD confessou que não sabia escrever mas prometeu arranjar publicidade das Construtoras, desde que o CM fechasse mesmo a 15 de agosto.

Como os leitores já se aperceberam, até 15 de setembro, o Correio da Madeira fica em boas mãos.