O Funchal é a zona que mais aquece em Portugal


H oje, Dia Mundial do Ambiente, dá-se pouco ênfase na comunicação social da Madeira sobre o estado do mesmo na região. Por cá não se nota nem se vê nada, temos ambiente por sorte e apostamos no betão e alcatrão. A meteorologia chega sempre tarde, na climatologia também. Temos más notícias reveladas pela Pordata hoje, o Funchal sofreu o maior aumento da temperatura média do ar no país, dois graus entre a década de 60 e o ano de 2021. Passou de 18,6 para 20,6 graus. Se o nosso país é reconhecido por cientistas como aquele que na Europa mais vai sofrer mais com as alterações climáticas, o Funchal tem o pior resultado do país.

O clima é influenciado pela distância ou proximidade com o mar, que costuma moderar as amplitudes térmicas. Ser o pior valor nacional nestas condições é grave, numa ilha significa muito mais. Os climatologistas concordam na larga maioria que o Sol é a maior influência sobre a dinâmica climática da Terra. Se a nossa atmosfera muda a relação de gases, o Sol acentua a sua ação. O que está acontecer para pior.

Sabendo que os oceanos ocupam cerca de 70% da superfície do planeta, era de se esperar que o comportamento das suas águas, bem como as suas características, pudessem ter uma grande influência nas condições climáticas das ilhas, era verdade e parece que está a diminuir. Os oceanos conseguem distribuir menos o calor, sabendo que moderam o clima com as correntes marítimas, a circulação atmosférica e a humidade gerada pela evaporação da água do mar, preocupa-me que a Laurissilva, sendo floresta de grande humidade, assista a esta alteração gradual que pode determinar, na pior das hipóteses, o seu fim.

O nosso dever é preservar no que pudermos, sabendo que não estamos imunes a uma conjuntura muito maior do que nós. A Madeira é um oásis se observarmos a parte do continente Africano que tem influência sobre nós. Estamos a "secar", apesar da radiação solar absorvida pelos oceanos ser devolvida para a atmosfera em forma de vapor de água, que por sua vez se transforma em humidade. Com ela dá-se origem às chuvas. Mas há o outro lado da moeda, quando a condensação mais quente gerada pelo mar origina a formação de furacões e ciclones. Também observamos mais períodos de seca e uma concentração de precipitação que, em quantidade, provoca destruição. Quem nos dera poder distribuí-la.

Estamos a secar, a ter mais amplitude térmica (típico da continentalidade), outro mau sintoma para a Madeira, as regiões com maior humidade costumam ter uma amplitude térmica menor. Quanto maior a continentalidade, menor é a humidade e maior é a amplitude térmica. Meus amigos percebem a gravidade numa ilha do Atlântico?

Devemos apostar na humidade, criando condições que zelam pela Laurissilva e evitam incêndios, em vez de apostar no "Tropical", acentuando investimento em betão e alcatrão. Precisamos de alterar a vocação do nosso Orçamento Regional ou desaparecer com os lóbis da terra. A rasgar estradas na Laurissilva estão a matar a Madeira.

O Funchal precisa de mais arborização e menos betão, a ilha precisa de uma estratégia de reflorestação (efetiva e não para secar plantações) para proteger a sua humidade e o manto vegetal essencial que cria as condições para podermos viver aqui.

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 5 de Junho de 2022
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