Mais um erro, o campo de golfe na Ponta do Pargo.

 

Ambientalmente insustentável, o Golfe é um desporto
para ricos onde pagam os ricos. Na Madeira é das elites
e paga o Governo Regional. O erário público
não sustenta só ralis por becos, portas e travessas.

D a maneira como vai o mundo, deveríamos aprender a investir nalguma autonomia alimentar e energética, evitando emissões de gases de efeito de estufa. Por agora e com graça fala-se, por exemplo, na capacidade de reserva dos cereais na perspetiva de comprar fora, se houver. O que me deixa muito calmo por dois meses.

É interessante os agricultores reclamarem da falta de água de regadio e o Governo apostar em campos de golfe, gastadores natos de água para conseguir manter os imensos espaços verdes. Na Madeira não é natural, nos Açores até poderia pelo clima que tem mas mesmo assim eles dizem que os seus campos de golfe, apesar das condições ideais, dão prejuízo. Na Madeira ninguém fala disto porque é inconveniente, o Governo Regional sempre arranja forma de injetar dinheiro falando em investimentos, é assim tipo a APRAM das serras.

É mórbido que tenhamos na Madeira água para campos de golfe mas pouca para a agricultura e nenhuma para regar as plantações "secas" de árvores que a secretaria da Susana Prada faz. O manto vegetal que atrai, absorve e a ajuda  a percolar gradualmente para os lençóis freáticos. As plantações são sempre para a fotografia, para a máfia da área ou inerente a projetos ditos ecológicos.

Mas o lóbi dos campos de golfe também produz cenas caricatas nas revistas da especialidade, ao procurarem os 10 campos de golfe mais ecológicos do mundo a partir de uma lista total que nada tem de sustentável. Não satisfeitos, ainda dizem que se estão a juntar ao movimento global contra as mudanças climáticas. Penso que os produtores de gado agora também poderão dizer o mesmo, uma tabela dos mais sustentáveis a controlar a emissão de gases com efeito de estufa... abatendo a Amazónia.

É interessante perceber como países com problemas de espaço procuram soluções para os desafios ambientais no horizonte e como se adaptam. Um deles é o Japão que caiu em si. Com campos de golfe sempre deficitários e nada amigos da sustentabilidade, após o desastre de Fukushima, este país começou a converter os campos de golfe em parques solares porque, naturalmente, reuniam todas as condições de amplas áreas abertas de terra, consequentemente boa exposição ao sol e sem concentração de árvores. As condições dos campos de golfe para uma relva saudável e capaz da prática do desporto são as mesmas condições exigidas para um parque de painéis solares invertendo completamente a sustentabilidade. De inútil e insustentável para meia dúzia a ambientalmente inteligente para toda a comunidade. A Ponta do Pargo passará de agrícola a insustentável (mas vai gerar emprego para continuarem pobres e explorados, não aprenderam com o Savoy). Nem um misto de agricultura e parque solar naqueles terrenos soalheiros.

Na Madeira, não temos tanta água quanto isso e vamos em sentido oposto das nossas necessidades (comida e energia) por imperativos de obras perante os desafios das alterações climáticas. Vamos construir mais um campo de golfe em terrenos férteis, espero que os agricultores não tenham desistido por falta de água e pragas mas que agora tudo se resolve porque as obras mandam. E vai haver água!

E depois de todas estas loucuras insustentáveis, o Governo Regional apoiará anualmente com um projeto encapotado para viabilizar financeiramente campos de golfe, basta olhar para o Santo da Serra.

O golfe é cada vez mais um negócio imobiliário insustentável ambientalmente, prossegue, com cada turista a consumir, em média, 440 litros de água por dia, números que podem mesmo atingir os 880 litros, se contabilizarmos as piscinas e outras comodidades auferidas pelos turistas que praticam golfe.

15 mil milionários vão sair da Rússia este ano, a Madeira, muito solidária com os ucranianos, verá alguns deles a gastar dinheiro na ilha, mais dinheiro sujo, menos dinheiro sujo, a Madeira não muda a sua imagem de lavandaria. Esses milhões, seguindo os passos de outros já estabelecidos, sustentam o imobiliário dos milhões nos prédios de luxo nesta terra de pobres, onde alguns fecham os olhos para receberem imóveis de 900 mil como prémio. E nenhuma autoridade tenta perceber estas riquezas.

É preciso mais estradas idílicas no meio da Laurissilva para depois haver quem compre o seu lugar de sonho... O madeirense é tão cego.

Enviado por Denúncia Anónima.
Terça-feira, 14 de Junho de 2022
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