Imprensa Xenófoba


A notícia da ameaça a uma professora que lecionava em São Vicente não passou despercebida à maioria dos madeirenses, quer por ser reincidente, quer pelos atos violentos a que alguns energúmenos complexados de São Vicente já nos habituaram.

Contam os incautos que a tal professora já vive há muitos anos na Madeira mas cometeu o erro de se apaixonar pela pessoa errada. No fundo, a origem da ameaça é um problema de saias e a dor de corno ditou que lhe pintassem um alvo na porta da garagem. Cabe à Polícia investigar, doa a quem doer!

Se os atos são já em si condenáveis por qualquer Estado de Direito, a maior parte dos leitores do Diário não se apercebeu que a jornalista, que assinou o artigo, apelidou, não uma, mas por diversas vezes a professora de “continental”, para não escrever “cubana”. Talvez a senhora jornalista não saiba mas existe uma grande maioria de professores e professoras continentais a que o azar ditou que lecionassem na Madeira. Quando se é jornalista há que ter bom senso no que se escreve e só a inexperiência pode justificar o erro que curiosamente não teve qualquer reparo posterior da Redação. 

Se a moda pega, os leitores vão ter de se habituar ao facto de começar a surgir na imprensa referências a Lopes da Fonseca como o Deputado “Continental” e a Ana Cristina Monteiro como a Deputada “Venezuelana” ou "Mira", os de Câmara de Lobos de “Pesquitos” e o do Porto Santo de “Jerico”.

E para os que querem ir mais longe com a xenofobia, o que dizer do continental Pedro Calado que nasceu em Lisboa a 3 de outubro de 1971? Então o Funchal tem um Presidente “continental” e não sabíamos? Ou afinal há “cubanos” bons e maus como João Jardim afirmou um dia? Para quando o Presidente de Câmara "continental" Pedro Calado?

A xenofobia é um problema cultural que é agravado pelas crises económicas. Hoje é comum o madeirense se referir aos imigrantes venezuelanos em tom depreciativo por considerarem que são mais protegidos, esquecendo-se que a maioria trabalha mais de 12 horas por dia por um salário muito abaixo do ordenado mínimo.

Meus caros, a profissão ainda vai no adro e temo que a contratação em massa de imigrantes de Africa e de países de leste para a área da hotelaria venha agravar o sentimento xenófobo do madeirense e criar um clima de contestação e violência como aconteceu em São Vicente.

Os madeirenses não devem lançar as culpas nos imigrantes mas sim naqueles que os contratam, não por serem melhores mas por serem mais baratos, porque os ordenados de referência são os ordenados do País de origem. Agora percebe-se o lamento dos empresários pela falta de mão-de-obra apelidando os madeirenses de vadios. E isto não é xenofobia?

Quanto a mim, que não sou xenófobo, fui convidado para jantar com o meu novo vizinho russo que, além de falar melhor inglês do que eu, é simpático e culto, mas é melhor ir preparado com um bom vinho, não vá o diabo tecê-las e ele ter algum míssil Zircon escondido na garagem.

Enviado por Denúncia Anónima.
Quarta-feira, 22 de Junho de 2022
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