O (des)Norte


S e tens um deserto e criares infraestruturas, sem atrair uma economia âncora, a rede viária e tudo mais vai se encher de areia. Servirá para a arqueologia futura. Se colocares um parque de painéis fotovoltaicos para rentabilizar o pouco que a zona dá, então as infraestruturas terão o movimento de apoio ao parque. Temos embrião. Quem gosta de filmes do faroeste sabe que quase sempre se constitui uma cidade com objetivo de explorar algo, ouro, gado, etc, e consoante a dimensão surgiam os serviços de apoio à comunidade, assim nascia uma cidade. Quanto mais amadurecia o negócio, maior a cidade. Isto é tanto verdade que, algumas cidades, contam para seu crescimento o facto de terem sedes de grandes empresas e só conhecidas por produzir isto ou aquilo.

De uma forma geral, a Madeira está demograficamente a morrer, disfarçada pelo movimento de massificação do turismo mas, havendo uma pandemia, voltaremos a ver a nossa dimensão. Se tu crias uma centralidade de "passageiros", de eventuais, de "refugiados" ou nómadas, estás sempre na iminência de mudar a "botija de gás" que mantém o lume. Nunca se pensou em negócios âncora sem precisar do dinheiro da União Europeia, do sazonal, do turismo e do "nómada", não temos indústria e produção mas parques vazios, de cabras e de serviços do que se importa.

A tua economia é volátil se estás ao sabor do humor dos outros e não das necessidades. Quanto mais volátil mais te é aconselhada a diversificação porque, na eventualidade da cada de um, os outros tentam segurar. Mas na equação também entra a era em que vives, o que é verdade hoje não é a verdade de amanhã, por isso se fingir atual para parecer bonito e moderno, mas enraizado em modelos ultrapassados, gera desconfiança. Propaganda não é âncora e perante a forte concorrência é fácil de os notáveis de cada área notarem que os políticos são flop e fanfarrões que surfam a onda. O que significa que precisas de gente credível na matéria que servem... de âncora. Há muita obra que vai atentar contra os rendimentos atuais das pessoas e desviar para patos bravos.

A Costa Norte da Madeira tem natureza, montanha, mar e ambiente. Silêncio e paisagem. Se tua crias infraestruturas sem economia, significa que estás preso ao modelo, nomeadamente do betão que mata as potencialidades do meio, é como um deserto solarengo deixar de ser útil para a produção de energia porque as alterações climáticas lhe trouxeram o tempo do Reino Unido. O que significa que para além de não destruir as potencialidades devemos ter um projeto a longo prazo, estimando problemas que possam surgir de modo a diversificar. Outra noção é a da rentabilidade do projeto, saber fazer gastar com lógica e não abusivo, fazer o cliente entrar num mantra. É fácil perceber que um lugar idílico por ser recôndito, sinuoso e belo, não precisa de retas de 4 faixas para cada lado e de um teleférico porque estás a destruir toda a economia da zona, passando a contar só o ponto A de partida e o ponto B de chegada, com "híper-povoamento" de consumidores chateados. Afinal não é idílico. Porque não um teleférico por cima da poncha da Serra D'Água, da Ribeira Brava à Encumeada... percebem?

A Costa Norte sempre enfermou de falta de ideias e, à medida que a massa critica diminui e é afugentada, não se geram sinergias em seu favor, ficamos presos ao modelo de sempre e não de futuro. O Norte não tem força própria, a população e a economia diminui e ainda virão alguns estragar as suas potencialidades.

Sem outro tipo de gente, já nem emigram, as segundas gerações serão de estrangeiros. Cada mandato neste limbo e inércia é cruel.

Enviado por Denúncia Anónima.
Sexta-feira, 13 de Maio de 2022
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