Muito sexismo, pouco sexo.

O s vídeos que andaram a circular ontem, onde se exibem jovens a praticar sexo nas ruas do Funchal faz pensar no nosso puritanismo. No nosso hipócrita puritanismo, houve até uma criatura que se deu ao trabalho de divulgar os nomes das raparigas e dos rapazes que protagonizaram os vídeos - a intenção é humilhar até a quinta geração.

Não é uma questão de bons costumes, são maus costumes. Estigmatizar aqueles jovens porque fizeram uma coisa disparatada. Atenção, não é o sexo que é um disparate, é o fato de o fazerem na praça pública. Até julgo que há uma atitude por detrás destes vídeos - chupem seus cabrões, estamos a nos marimbar para os pudores convencionais da sociedade!

Mas isto esconde um facto mais profundo da nossa sociedade, uma sociedade que é conhecida pela máxima: “não fode nem deixa foder”. O sexo está preenchido de inibições, complexos, tabus e preconceitos. Há muito sexismo e muito pouco sexo. E os episódios de ontem causam excitação e indignação não pelos atos em si, mas por toda a excitação em redor de um sexismo violento onde não há prazer ou intimidade.

Aqueles jovens podem estar a ter uma atitude errada, os adultos sabem isso. Esta exposição pública deixa marcas na vida adulta. Numa sociedade cheia de preconceitos estes atos ofendem e marcam os indivíduos. Estes jovens podem a princípio não acreditar que estas coisas têm importância. Julgam eles que a sensualidade e o gozo erótico é algo natural. Mas a verdade é outra, vivemos numa sociedade em que o sexo e o prazer são um mito.

Como vivemos numa sociedade de cobardes, e voyeurs sem prazer, o nosso único prazer reside na excitação de condenar outros pela sua sexualidade, ou com temas relacionados com o sexo. Os madeirenses excitam-se mais com o sexismo do que com o prazer real da intimidade erótica. E numa sociedade assim, estas questões assumem uma importância sobre-humana. Mais uma vez, é um sinal de uma sociedade de relações podres e sem sentido. 

Enviado por Denúncia Anónima.
Terça-feira, 3 de Maio de 2022
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