Coisas do “arco-da-velha”!


B em diz o povo na sua sabedoria popular, atualmente assisto a coisas “de penar” com uma dose de incredulidade, muitas situações com origem numa pueril ignorância e também do natural despotismo de uma classe, como bem diziam os antigos, uns "pelintras" armados em donos de coisas (que lhes entregaram para tomar conta) e nunca para se fazerem delas coisa sua.

Na saúde, assistimos a muita IPSS gerida ao estilo daquelas "raríssimas", pelo menos ao estilo que roça o abuso e o desrespeito pelos direitos e deveres (incluídos) dos utentes e cidadãos, para satisfação de um serviço público que lhes é entregue pelo Estado e que o devem oferecer, na mesma perspetiva e peso, como qualquer instituição pública preparada para o efeito.

Estes outsourcings, seja na área da gestão ou mesmo da prestação de serviços, comparados com a forma como o sector público continua a funcionar, deixa muito a desejar. Têm falhas surpreendentes e inaceitáveis, na gestão de pessoal, na sua adequada formação contínua e acima de tudo, na gestão de crises e conflitos entre clientes/utentes, assim como no relacionamento interdisciplinar das suas equipas.

Tem o Estado muita culpa, em especial quem escolhe nos "seus" ajustes diretos, em concursos que deveriam ser imparciais mas onde prevalece a parcialidade, ganhando terreno a qualquer batoteiro ou expert do jogo da milhada. Por vezes, até parece que a escolha deriva de uma milhada entre candidatos e governantes.

Não é aceitável que, na gestão de conflitos ou crises, em instituições de solidariedade social pagas pelo Estado para prestarem um serviço público, que se envolvam familiares e profissionais da instituição em casos de tribunal. Esta "arena", onde julgam resolver diferendos, prejudica gravemente terceiros ao seu cuidado. Demonstram, assim, não estarem preparados e muito menos com as competências adequadas para assumirem a prestação do dito serviço público, que puerilmente lhes é entregue.

Deixo aqui um conselho a essas instituições, apostem na formação contínua e na aquisição de competências, só assim tornarão a instituição forte em matéria de relacionamentos e na prestação de serviços com qualidade e em direção a uma excelência de grau crescente.

Nunca deverão ser os tribunais a arena escolhida para o efeito, só mesmo em casos excecionais, depois de esgotados todos os meios e estilos na gestão do conflito e, sim, é uma competência dos profissionais de saúde estarem preparados para gerir o conflito, Devem ser capazes de fazer frente ao stress que dele resulta em ambas as partes, protegendo sempre o objeto e foco do seu trabalho, o utente e/ou cliente! É certo que o melhor caminho será sempre a construção de pontes de entendimento, de compromisso, romper com o impasse, construir um acordo satisfatório, equilibrado para as partes.

Não é aceitável que, na gestão de conflitos, o domínio do problema por uma das partes (inclusive  com servilismo) evite a resolução de forma satisfatória e definitiva. Ainda mais grave, é que nesses conflitos se proponham soluções com a marca da justiça, aparentemente propondo acordos que prejudicam terceiros, numa atitude claramente do tipo de encostar uma das partes à parede, transmitindo a ideia para outros de que reclamar, discordar e de não dar o seu consentimento, mesmo que informado, poderá ter consequências graves, uma delas a expulsão da instituição que está obrigada a prestar um serviço público. Não será a discriminação ou favorecimento uma atitude de desprestígio para a instituição, ainda por cima com frases consideradas difamatórias ditas no calor do confronto?

O Artigo 10º do Decreto-Lei nº 138/2013, de 09 de Outubro, é claro quando reza na alínea "a": “Prestar cuidados de saúde, de qualidade aos utentes, do SNS, em tempo útil, nas melhores condições de atendimento, não estabelecendo qualquer tipo de descriminação”.

Do Governo Regional, o que se pede é uma dose maior de atenção e uma perfusão na monitorização, para garantir que o serviço público contratualizado é garantido com o dinheiro de todos os contribuintes.

J. Edgar M. da Silva

Enviado por Denúncia Anónima.
Quarta-feira, 25 de Maio de 2022
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