A nova torre do Madeira Tecnopolo


Q uando o Madeira Tecnopolo foi construído, João Jardim afirmou que a Madeira iria exportar inteligência. Nada mais certo, nos dias de hoje os jovens qualificados emigram da Madeira deixando cá os tasqueiros e os pedreiros.

Para quem não tem memória curta, lembra-se certamente de que na altura o visionário Pedro Ventura pretendia criar um Pólo Tecnológico, a exemplo de outros espalhados pelo País, que incluísse um ninho de empresas (agora conhecidas por Startups) mas, em pouco tempo, a sua visão estratégica estatelou-se ao comprido terminando num processo nebuloso em que foi substituído por um dos seus alunos da Universidade, curiosamente o então marido de Patrícia Dantas.

Era o tempo das vacas gordas e havia dinheiro para tudo, mas depois desta primeira substituição a dança das cadeiras não parou e, uns atrás de outros tomaram conta do barco sem o conseguir salvar do previsível naufrágio. O Madeira Tecnopolo foi então uma feira de vaidades, um entrar e sair de empresas, associações e mais  protocolos, contratos, tudo  sem quaisquer resultados.

Com tantos exemplos de sucesso, de engenharias financeiras e de gestão de excelência, em 2013 o sonho das competências tecnológicas e de desenvolvimento de Pedro Ventura passa para uma nova entidade, a ARDITI.

Em 2019, depois de um acumular de dívidas e sem nunca conseguir faturar nada aos DDT - ver o nome dos devedores e credores no Relatório do Tribunal de Contas - o Tribunal de Contas declara o Madeira Tecnopolo em falência técnica com um capital próprio negativo de 12.7 milhões de euros ficando algumas das dívidas ainda por contabilizar. O Tribunal de Contas não se fica por aqui e, além de responsabilizar os gestores, recomenda que Governo Regional pondere a continuidade da empresa, questionando o modelo de negócio.

E foi o que o Governo fez! Miguel Albuquerque tirou um coelho da cartola e, como não sabe onde estourar tanto dinheiro do PRR, alguém o convenceu a investir outra vez no mesmo modelo. O modelo é aquele que sempre criou tachos para os mesmos porque ninguém é preso e o resto é conversa. Nisto tudo a piada é que é preciso gastar o dinheiro do PRR mas faltam as ideias que tardam em aparecer e, enquanto as ideias não aparecem, opta-se por construir duas torres para o desenvolvimento tecnológico, ou seja, já que não há ideias para a digitalização, pelo menos que se gaste naquilo que já sabem fazer.

Para ajudar a festa, a Câmara Municipal do Funchal, a quem o Madeira Tecnopolo devia 39 mil euros da divida da água, lembrou-se que é preciso suspender ou alterar o PDM para “aligeirar” o processo de licenciamento.

Embora os edifícios existentes necessitem de obras, pelo que se percebeu, o dinheiro vai primeiro para as obras e depois o que ficar, se ficar, vai ser para comprar pelo menos uma consola PlayStation para a investigação tecnológica de jogos virtuais. 

Viva a digitalização… do betão!

Enviado por Denúncia Anónima.
Sábado, 28 de Maio de 2022
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