A FERRY e fogo

 

E m 2015, o Governo Regional da Madeira, elaborou um relatório com base numa consulta que tinha em vista o estabelecimento de uma linha regular de transporte marítimo por ferry, de passageiros e carga, entre a Região e o Continente.

Com base nessa consulta, ficamos a saber que surgiram 5 interessados (ou potencialmente interessados) numa eventual exploração desta linha. A saber:

  • FRS Group;
  • HellenicShipping — Transportes Marítimos, Lda.;
  • ENM Empresa de Navegação Madeirense. Lda.;
  • MSCCruzeiros, S.A.;
  • Transinsular, SA. 

A alemã Förde Reederei Seetouristik (FRS Group) na sua proposta, excluía de imediato operar a partir do Porto do Funchal, por considerar que a “Pontinha” não oferecia as condições necessárias para a operação, não só devido aos constrangimentos da presença do navio Lobo Marinho, mas também pela falta de condições para operações de carga típicas de uma operação ferry.

A proposta da FRS não cumpria na plenitude, os requisitos técnicos exigidos e perante a intransigência do Governo Regional, deram por terminadas as negociações.

Mas o FRS Group voltaria a surgir por ocasião do 1º concurso ferry lançado pelo Governo Regional, questionando o executivo sobre as especificações técnicas (obrigatórias ou preferenciais) para uma eventual candidatura. Contudo, mais uma vez chocou com a indiferença e intransigência do GRAM, que exigia um absurdo de 300 lugares de ocupação média semanal, em cada sentido, e que obrigavam ainda a aquisição de um navio que atingisse os 21 nós.

A empresa alemã, voltou a recuar, por entender não haver condições suficientes para salvaguardar a viabilidade económico-financeira da operação, tendo em conta todos os condicionalismos.

Em 2015, jogou-se areia aos olhos dos madeirenses, criou-se as condições para a operação ferry falhar, deu-se “um fato à medida” dos interesses de um operador e com a bandeira do “cumprimos”, deixou-se afundar o ferry, para que os DDT mantenham as suas margens de lucro à custa deste povo insular.

Durante todos estes anos, houve muita gente que não se deu por vencida, houve também um partido “que nunca largou o osso” e que tem estado na linha da frente da luta contra os oligopólios e monopólios do “sistema laranja”. Na semana passada, o JPP, recordava na imprensa, a antiga proposta do FRS Group que, face às alterações recentes das condições na Região (a TUP-Carga, o eventual investimento no Porto do Caniçal, etc), instou o Governo Regional a libertar-se da “inércia” e ir de encontro ao armador alemão para pedir nova proposta. 

Seria de esperar que, um governo com interesse em reabrir a ligação marítima entre o continente europeu e a RAM, entraria em contato com armadores para tomarem conhecimento das novas condições existentes na região e, possíveis passos que o Governo Regional poderia dar de modo a viabilizar a parte financeira da linha, mas como tal interesse não existe, “tais operações de charme” também não acontecem.

Albuquerque que ainda recentemente esteve de visita à Alemanha, para uma reunião com um reputado armador (link), devido ao Registo Internacional de Navios da Madeira, deve ter “esquecido” a questão do Ferry na Quinta Vigia (pormenores que os madeirenses devem estar atentos).

O Ferry é uma ferramenta essencial, não só no transporte de passageiros, mas essencialmente na chamada carga rodada. A implementação da linha representaria uma significativa redução do custo de vida dos madeirenses e abriria uma nova frente económica para muitas empresas regionais. A inércia do Governo Regional, nesta matéria, é demasiado reveladora do permanente estado de “síndrome de Estocolmo” em que vive o executivo perante os interesses instalados.

Resta-nos apoiar quem luta a “Ferry e fogo” para cumprir o “sonho” dos madeirenses.

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Enviado por Denúncia Anónima.
Segunda-feira, 23 de Maio de 2022
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