Óleo vai carear!


C ontam as más-línguas que há vinte anos atrás, aquando da guerra do Kuwait, um conhecido madeirense encheu um quarto do seu apartamento com sacos de arroz e, segundo consta, ainda tem arroz em casa cheio de gorgulho (com bichinhos é mais gostoso). Foi preciso passar vinte anos e uma pandemia para centenas de madeirenses terem açambarcado fraldas e papel higiénico como se não houvesse o dia de amanhã.

Com a guerra da Ucrânia, o hábito do açambarcamento voltou à mesa dos madeirenses, mas desta vez a vítima é o desgraçado do óleo alimentar. Mas, se limpar o cu com papel higiénico é uma questão de dignidade humana, o óleo alimentar é imprescindível à sobrevivência da raça humana. Qual de nós consegue viver sem umas batatas fritas cheias de colesterol? E como é que se faz os famosos filetes de espada sem óleo? Se a moda dos óleos pega não vamos demorar muito para assistir a enormes bichas (filas) em lojas de acessórios automóveis para comprar WD40 para fritar batatas.

Se acham que estou a gozar, pensemos bem! Se não fosse o óleo, as farmácias não vendiam comprimidos para o colesterol, os médicos não passavam receitas, muitos de nós nem ficavam doente e a economia corria o risco de falir.

A leste do paraíso estão as grandes superfícies alimentares que retiraram das suas prateleiras os óleos de marca branca – apenas porque são menos saudáveis? –  e colocaram os mais caros de marca.

Por falar em Supermercados, a Autoridade da Concorrência deve andar a dormir porque a cartelização de preços está à vista de todos. Quem já não reparou que os Supermercados estão a aproveitar-se de uma guerra distante para encher os bolsos? Os produtos que estão no stock há meses já tem outros preços de custo?

Mas estes pequenos truques não são só nos óleos! A estratégia de esconder os produtos de linha branca para colocar os de marca muito mais caros está a se expandir para todos os produtos alimentares. Já repararam que nos locais dos Cafés “Pingo Doce” e “Continente” está agora os da Nescafé e os da Delta? 

E aquelas promoções pague 1 e leve 2? Agora é pague 2 e leve 1? Os liberais devem estar contentes porque é a lei da procura e da oferta a funcionar num mercado livre! Brincamos? Um mercado livre em tempo de guerra? O Estado não devia intervir e colocar um travão na especulação? Ainda vamos a meio da guerra, mas pelo andar da carruagem um papo-seco daqui a uns meses irá custar mais caro que um litro de gasolina!

Com a pandemia e, agora com a guerra, não é por acaso que a Cadeia Pingo Doce aumentou os seus lucros em 48% e que o seu dono é o mais rico de Portugal. Afinal parece que o sacrifício da guerra não é para todos!

As autoridades têm bom vencimento e estão para conservar o emprego... não para arriscar.

Enviado por Denúncia Anónima.
Sábado, 2 de Abril de 2022
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