Milhões para a Inteligência Artificial


N ão fosse Miguel Albuquerque ter anunciado um grande Centro de Inteligência Artificial na Ribeira Brava, o “Caderno Tecnológico” do JM deste último domingo - que curiosamente tem como acionista uma empresa de software - seria tudo menos didático e inocente. Permitam-me apenas corrigir o título do Caderno de “A Revolução Proveniente” para a “Revolução Conveniente” porque fica melhor.

Se juntarmos dois mais dois, isto é, a tal viagem promocional de 27 mil euros à “Bitcoin 2022”, com a certeza da presença de empresas americanas alegadamente sediadas no CINM, ficamos logo com a pulga atrás da orelha. Aqui há gato!

Aqui ainda não há gato, mas há muito dinheiro do PRR para distribuir em projetos tecnológicos.

Enquanto nas obras financiadas pela Comunidade Europeia é fácil qualificar e quantificar os investimentos no betão porque são palpáveis e visíveis, no software as coisas podem tomar contornos de burla. Quem vai fiscalizar os tais algoritmos de IA? Serão apenas contas de somar ou de sumir?

E não é preciso ter a memória muito curta para encontrar muitas burlas de Startups madeirenses tecnológicas financiadas por dinheiros europeus. Como já é público, não vamos relembrar os nomes dos envolvidos, muitos deles vão estar inseridos nestes novos projetos.

Como sempre, os projetos irão ser arrojados e muito bem descritos com grandes histórias de investimentos em computadores, com a promessa final de criação de centenas de empregos qualificados para uma sociedade futura da transição digital. Bonitinho, não é? E durante quanto tempo são esses empregos? Um, dois anos? Para depois fecharem as portas e desaparecem com o dinheiro no bolso?

Num outro dia, fui jantar a um conhecido restaurante madeirense de carne com um amigo de longa data ligado a esta coisa de novas tecnologias e investigador numa Universidade do Reino Unido. Como não podia deixar de ser, depois de alguns copos, a conversa rodou para a sua área que é precisamente a IA (Inteligência Artificial). Depois de uma entusiasmante conversa de “Redes Neuronais” entre um leigo e alguém que percebe de IA, o diálogo terminou com o meu interlocutor a concluir a rir: “Se esta deliciosa carne açoriana fosse feita com IA seria muito mais dura e cara”.

Nisto tudo, pede-se muita atenção às entidades fiscalizadoras e à Justiça para que estejam atentos a todos os investimentos públicos que se irão fazer nos próximos anos, na chamada transição digital.

Obrigado pela V. atenção e espero que este texto sirva de alerta.

Enviado por Denúncia Anónima.
Terça-feira, 12 de Abril de 2022
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