A evolução da crise sísmica e vulcânica de São Jorge

 

Os últimos sismos já estão a 5 - 7km de profundidade,
eles estavam nos 
10 a 15 km.

N a fase inicial do recente enxame sísmico da ilha de São Jorge - Açores - existia a dúvida se os sismos tinham uma origem vulcânica ou tectônica, porque o arquipélago dos Açores é uma região com esta dualidade. Pela monitorização (interferometria satélite) definiu-se como vulcânica, com a ajuda do satélite Sentinel-1 da Agência Espacial Europeia, que andou a observar a ilha nas últimas semanas. Foi possível comparar várias imagens e concluir que já existe uma deformação no solo compatível com uma fonte de natureza vulcânica.

Das observações e outros dados recolhidos, conclui-se que o enxame de sismos é causado por uma intrusão magmática que se situa entre 10 a 15 km de profundidade, o que projeta uma atividade eruptiva no futuro. É cada vez mais certeza, passaram a 5 - 7km de profundidade nas últimas horas. A evolução do fenómeno está associado ao risco de sismos maiores à medida que o processo se aproxima da superfície. Comprova-se pelo facto de na noite passada, às 21h56 (Açores), se ter registado um sismo de magnitude 4, perfeitamente sentido na ilha, 10 vezes mais intenso do que o maior até agora. Significa que a mesma energia sísmica sentida em todos os sismos dos últimos 7 dias, combinados, registou-se na noite passada. Para terem uma ideia, a magnitude é uma escala logarítmica: um terremoto de magnitude 4 é mais ou menos o equivalente a 30 terremotos de magnitude 3, ou 1.000 eventos de magnitude 2. Atenção à sua noção de "potência" nestas coisas de sismos.

Com a experiência vivida em La Palma, o Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias estimou que até 20 milhões de metros cúbicos de magma se infiltraram sob a ilha de São Jorge desde 19 de março passado, conclusões da modelagem da deformação observada no solo. A previsível erupção em São Jorge não será pequena nem negligenciável, aliás, o Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias atribuiu-lhe o código “laranja”, como um aviso de potencial atividade num futuro próximo. Já que falo de La Palma, para terem uma comparação, para esta altura de evolução no Cumbre Vieja o magma foi estimado com 11 milhões de metros cúbicos. O que se está a passar em São Jorge é similar ao que se passou no Cumbre Vieja.

E onde pode surgir o vulcão? As áreas mais prováveis estão perto da costa nordeste, a cerca de 10 km a leste de Velas, foi aí que a elevação do solo atingiu cerca de 10cm. É lícito concluir que o centro de maior pressão do magma e centro do evento vulcânico estará localizada sob esta área. A evolução pode não ser gradual e assumir uma explosão quando quebrada a resistência do solo por conta da pressão do magma.

O que pode acontecer? Quais as possibilidades?

É adivinhação responder às perguntas, por mais que se acompanhe tecnicamente. Mesmo havendo vários cenários, a probabilidade para cada um assume-se como um "sorteio". Há demasiadas variáveis que não dominamos, as forças da natureza são enigma. Mas, digamos que é possível o seguinte:

  • Pode haver boas notícias e a atividade diminui, a intrusão de magma acaba por arrefecer em profundidade, lentamente, ao longo de anos e décadas sem que haja alguma atividade visível na superfície.
  • Algum sismo, provocado pelos movimentos do magma, distorce a evolução do previsto acabando por neutralizar a evolução ou até provocando uma erupção noutro local, não tão evidente.
  • O enxame sísmico e a deformação do solo terminam de forma gradual ou abrupta, deixando a evolução para se manifestar daqui por meses ou anos.
  • Ou, existe uma erupção dentro de dias ou semanas com pouco aviso.

Enviado por Denúncia Anónima.
Sexta-feira, 1 de Abril de 2022
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