Cantas bem mas não me alegras

 

O "canto da sereia" é o que está a dar, nos nossos dias chama-se propaganda e é um discurso atrativo que não passa de uma armadilha. Por muitas voltas que lhe dêem, pretende chegar ao voto favorável, cegando o eleitor com uma satisfação vazia para manter os rendimentos dos mais diversos grupos de poder e pressão.

O poder não é eterno, aqui é que muitos começam a rir com o nosso PSD há 46 anos agarrado de unhas e dentes. De tanto inventar, só adia o "Canto do Cisne", literalmente a última obra antes da morte. A direita está nesse rumo porque se o CDS caiu, o PSD vai a caminho com estas divisões. Quando aqui na Madeira se dizia que o PSD estava a ficar sem ninguém para se coligar, morre um mas nascem dois, apesar de serem noutras contas ainda não homologadas para a realidade regional. Um aceita de caras e está combinado, o outro faz um papelão mas... vai negar que é de direita? Resta saber quanto valem, pode haver maiorias mas o resultado é intragável, disso só temos contas pela aflição dos militantes do PSD... enquanto a narrativa continua valente e ofensiva.

Os militantes do PSD acham os seus colegas de coligação do CDS muito fracos e inúteis, porque os votos que representam não conferem com o tamanho do destaque que lhes foi dado: duas secretarias e a Presidência da ALM, para além dos inúmeros tachos. Os militantes do PSD estão frustrados com o anúncio prévio de coligação em vez de um acordo pós eleitoral, depois de se saber quanto vale o CDS na atualidade. É que poderá ter de novo exigências descabidas, têm lata para isso. Para o sucesso negocial, basta manter os lugares pois ninguém acredita que este CDS terá mais votos do que nas últimas Regionais.

O problema é que Albuquerque tem receio de melindrar o CDS e depois vê-lo viabilizar outra maioria sem um acordo prévio, prefere prendê-lo e negociar maus lugares como nas Legislativas Nacionais. Atenção que o acordo de coligação assinado entre PSD e CDS foi um negócio que prendeu mas não deu lugares aos centristas. Entretanto, os militantes do PSD dizem que o CDS não vale nada e que o Chega está muito maior mas com quem? Com PSD's? Isso chama-se fragmentar o PSD. Imaginemos que o CDS repete a dose dos lugares conquistados nesta legislatura e o Chega vale 4 a 5 vezes mais, pelo precedente negocial aberto pelo CDS, entregam benesses em triplo ou quadruplo? Por outro lado, os militantes do PSD sabem que coligados com o Chega vão receber "porrada" como nunca sonharam mas se for pós eleitoral são mais 4 anos que cá cantam e quando acabar pensa-se. Quem garante que o Chega não implode?

E é aqui, neste jogar para canto em vésperas de congresso, que surge o "Canto Gregoriano", um canto litúrgico da Igreja Católica que se pauta por ter poucas variações e que quase alcança um mantra soporífero que materializa as divindades do CDS. Não me adormeças diriam muitos... é o serviço jornalístico que nada explora nesta terra de harmonia.

O congresso é um pró-forma de exaltação partidária no PSD, não se mexe na harmonia interesseira de 46 anos, nem com ideias nem com exigências. Os militantes do PSD, em congresso, representam o maior curral de carneiros que se conhece, eles berram por fora mas batem palmas em congresso, os benefícios conquistados são intocáveis.

Albuquerque foi eleito nas recentes internas e será o candidato do PSD nas Regionais de 2023. Tem força e imagem? E o CDS? E ganhando sem maioria absoluta adiciona quem? Eu não sei se com as divisões que vão no PSD se o voto de muitos está garantido... isto pode dar uma grande confusão.

Enviado por Denúncia Anónima.
Quinta-feira, 17 de Fevereiro de 2022
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