Uma Saúde de m€rda


O artigo 64.º da Constituição da República Portuguesa consagra a Saúde como um direito de todos e tendencialmente gratuito, mas na prática assistimos ao longo dos anos à decadência do Serviço Nacional de Saúde e, no caso da Madeira, do Serviço Regional de Saúde.

Quase todos os partidos nesta campanha pedem responsabilidades a Lisboa pela Fiscalidade, pela Justiça, pelo CINM mas não demos de conta de nenhum pedir responsabilidades a Lisboa pela Saúde. E porquê? Porque a Saúde está regionalizada há décadas e o que foi o melhor sistema de saúde do País já não é mais e a culpa não é de Lisboa.

Temos uma lista de espera para cirurgias que ultrapassam o inimaginável, milhares de pessoas sem médico de família, consultas no Serviço Regional de Saúde marcadas para o “Dia de São Nunca”, se entretanto o paciente não falecer.

  • Veja-se o caso das Análises Clinicas que funcionavam bem para o utente e que agora afugenta-os para os laboratórios privados.
  • Veja-se alguns médicos Diretores de Serviços, que deviam se dedicar em exclusividade ao serviço público e que partilham o seu saber com as suas clínicas privadas.
  • Veja-se os investimentos em equipamentos no serviço público que ficam obsoletos para depois os utentes serem direcionados para o privado.
  • Veja-se as mortes por COVID por causa de comorbidades associadas e desconhecidas.
  • Veja-se quando se entra com uma doença no hospital e morre-se de outra apanhada lá.

Mas, não só os médicos são os culpados pela decadência do Serviço Regional de Saúde, no outro dia lemos um elogio público da Dra. Rafaela Fernandes aos informáticos do SESARAM pelo esforço no desenvolvimento da App “S-Alerta Cidadão”, cuja utilidade é suspeita, quando o portal do SESARAM que deveria servir o utente resume-se essencialmente em publicitar números de telefone que até não funcionam. Se a plataforma existe, não deveria permitir ao cidadão resolver todos os problemas sem recorrer ao telefone? Não seria menos uma chamada para um serviço alegadamente sobrecarregado com a pandemia?

Se a plataforma existe e permite, por exemplo, emitir o certificado de vacinação COVID ou pedir uma consulta de rotina ou ainda solicitar receitas, porque é que depois as receitas são emitidas noutro portal, o da SNS24, que curiosamente é de Lisboa? Digamos que somos como a China, um país, dois sistemas de saúde.

Em vez do expediente do facilitismo, o comum cidadão se quiser sobreviver ou tem de consultar duas plataformas distintas ou então ir ao privado e pagar para não morrer.

Já todos reparamos que estamos em campanha eleitoral onde todos os políticos, mas mesmo todos, prometem o céu na Terra aos eleitores, mas esquecem-se de referir que o céu é para eles e que o cidadão anónimo continuará a sobreviver no inferno. A máquina eleitoral, todos eles, estão a assobiar para o lado e a usar os meios de comunicação social para mentir.

Antes da Madeira Primeiro é preciso uma Saúde Primeiro!

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 23 de Janeiro de 2022
Todos os elementos enviados pelo autor.

Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira