Um século ao lixo.

 

Bom Dia CM.

S e calhar não sou o único que lê mais jornais ao Domingo porque há tempo, deveria até haver páginas ao Domingo com os principais resumos da semana nos mesmos, nem deveria dar dicas para o estado a que chegaram os nossos jornais regionais. Digamos que vejo os jornais aos saltinhos e, ao contrário do que se possa pensar, não estou desinformado. Quando estamos todos os dias ao pé de uma pessoa ou até de nós mesmos ao espelho, não temos a noção do envelhecimento, mas se for de tempos a tempos ou se somos emigrados e o tempo ainda se dilata mais, fica claro que notamos que a pessoa amadureceu e se envelheceu mais ou menos do que estávamos à espera. Daí aquela expressão, ou não, que se confessa aos outros... "achei-o quebrado", ou seja, foi além das nossas expectativas sobre como pensávamos encontrar a pessoa. Não temos coragem de dizê-lo ao próprio. Isto é como os testes da Covid agora, menos, negativo, é que é positivo. Se ficasse aquém das expetativas é que era bom mesmo sabendo que envelhece. Os jornais são assim, sabemos o contexto e as circunstâncias, mas pode haver um lampejo de dignidade a montar notícias ou provocar o contraditório subtil, e 10% da população entende. No tempo do antigo regime foi assim e caiu.

Hoje é um dia sui generis, vota-se e faz-se propaganda política à descarada, não há lei para isto. Vota-se e há eventos. Não é negativo em todo, serve para avaliar o amadurecimento da nossa democracia porque, noutros sítios, vota-se assim e até por vários dias na semana para que as pessoas, nas rotinas diárias, dêem o seu desvio e aproveitem melhor o tempo. É a tal eficiência e rentabilidade de que somos muito fracos. Agora, se tudo isto me parece bem, ir buscar pessoas a casa para obrigar a votar com assédio porque vai perder algo chama-se coagir e o voto é universal, livre, pessoal e intransmissível. Esta interpretação de democracia está errada mas há mais indecências.

Hoje parece um dia chave no Diário de Notícias e sob a perspetiva interna deve estar uma edição fabulosa quando cobre incompetências, branqueia situações, continua a enaltecer nódoas, persegue gente capaz que não interessa ao poder, perverte palavras, destaca quem não merece, quem se vendeu, coloca-se gente sem escrúpulos a opinar sobre outros credenciados e realmente honrados que nunca se vão armar aos cágados. Paulatinamente, já em endurecimento do cimento aplicado, o Diário de Notícias é mais uma repartição do GR e dos interesses dos DDT, usado em proveitos próprios mas não para cumprir com deontologia a notícia e conferir com a realidade. Deve ser a era da realidade virtual e da inteligência artificial e eu sou leitor de setentas. Tocam as sinetas dos dependentes na hora de manter o poder das benesses, depois haverá tempo para honrarias com o poder que cá canta. Há sempre a opção de mudar de entidade patronal, encontrar outra vida, quem vai ficando é que acomoda-se ao vexame e ao colaboracionismo, ou porque em competição não vence ou porque outros não pagam melhor ou não têm um Governo a subsidiar direta ou indiretamente.

Hoje há mais participações do que as visíveis, há gente que "morreu" na dignidade aos olhos de muitos leitores e de promotores de notícias pela sua atividade. Hoje é o dia do último crédito secular do Diário de Notícias, como arde depressa o que se consegue em século e quase meio. Os novos proprietários, em pouco tempo, como patos bravos que são, querem sempre uma dose superior, conhece-se isso no orçamento regional e não é novidade. Desfez-se até uma no cravo e outra na ferradura porque pouco importa se dão 20 marteladas na ferradura e acertam uma no cravo na hora H. Veremos se a fórmula é eterna. Os jornalistas que precisam do vencimento, uns regalados e outros forçados, vão morrendo na consideração das pessoas. Os truques não passam despercebidos. Assim se mata a idoneidade, assim se extingue a força interior que antigamente dava para aguentar um jornal, que valia por si, mesmo com os ataques do poder. Agora é poder. Paz à sua alma.

Miguel Albuquerque, e tu vinhas para mudar, que grande democrata, afinal finalizaste a obra de Jardim. Parabéns por este bordel em passo acelerado.

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 23 de Janeiro de 2022
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