Entrevista com o Vampiro


S im, sabemos que é domingo, mas depois do Chefe de Redação ter sido saneado do Correio da Madeira e ter sido enviado para o Brasil com a amante lésbica para treinar o Atlético Mineiro, a vida tem sido um inferno na Redação do pasquim mais lido da Madeira. Agora os jornalistas idóneos entram antes das nove e saem depois das cinco, trabalham ao fim de semana e feriados, tendo uma folga prometida de 30 minutos no Natal.

Depois do Capital Social do Correio da Madeira ter sido adquirido pela Hamburgueria do Mercado S.A., o novo Chefe de Redação é agora um jornalista de renome internacional que até trouxe um mordomo para lhe corrigir os erros ortográficos e cortar-lhe as unhas dos pés.

O novo Chefe de Redação, em nome da liberdade da imprensa, alterou a linha editorial do CM para ser mais acessível aos pata-rapadas e informou os bastardos dos jornalistas idóneos que, agora, o Correio da Madeira só vai massacrar o Miguel Albuquerque para “pô-lo no olho da rua o mais depressa possível”.

Sem perder mais tempo, o Chefe de Redação informou que os jornalistas tinham uma entrevista marcada com o Conde Drácula no seu Castelo do Largo do Colégio e que era bom que fosse uma boa entrevista, o Conde era uma grande esperança na Madeira para o clã dos vampiros.

Sendo preferível estar na rua do que a aturar os devaneios do Chefe, todos os jornalistas saltaram para a mesma trotineta elétrica e desceram a Rua do Castanheiro que, por sinal, é a única rua do Funchal aberta ao trânsito, em direção ao Castelo do Drácula.

Depois de passarem por dez semáforos, lá conseguiram chegar ao -8 das catacumbas do novo Parque de Estacionamento subterrâneo da Praça do Município, lá foram recebidos por uma Assessora de Imprensa do Conde.

Muito simpática, a Assessora entregou a cada um a folha com as perguntas que deveriam ser feitas ao Conde, avisando-os que não proferissem a palavra “sangue”, “swap” ou “Miguel Albuquerque” porque isso excitava perigosamente o Conde, mas que não se preocupassem porque se tudo corresse bem, enviaria as respostas por correio eletrónico para o Chefe de Redação.

Depois de passarem pelas teias de aranha, uma levada de sangue com berma de Glifosato, pelas serpentes cuspideiras e pelos inúmeros vampiros do Castelo, os jornalistas idóneos lá chegaram à presença do Conde. Sentado numa imponente poltrona laranja, com dois braços a terminar el labareda e ornamentada a ouro, o conde estava rodeado por um harém de louras submissas de cuequinhas de fio dental. Muito solene, o Conde mandou aguardar porque estava a tratar de assuntos importantes da Cidade do Funchal. Dez minutos depois e após chupar freneticamente uma loura, o Conde recebeu então os jornalistas com um sorriso, tentando esconder os caninos ensanguentados.

Absorvidos pelo medo, os jornalistas perderam o papel das perguntas, pelo que tiveram de improvisar e lembraram-se de perguntar ao Conde se era verdade que ele ia investir num novo carro para ganhar os Ralis ao Miguel Nunes. O Conde perdeu o sorriso, arreganhou os dentes e respondeu a sorrir que isso era um boato dos Lobisomens socialistas, tudo para prejudicar a sua imagem imaculada mas, lá no fim, acabou por confessar que só estava à espera de um financiamento de outro vampiro, a ver se pingava algum sangue dos 100 milhões de hectolitros para comprar um carro com o dobro dos cavalos.

Algumas caretas depois, a Assessora deu por terminada a entrevista, alegando que o Conde estava muito cansado porque trabalhou a noite inteira na derrama de sangue pelo clã dos vampiros. 

Amavelmente, após um café social sem açúcar e uns Donuts, a Assessora ofereceu a cada jornalista um saco com um frango congelado, sem pingo de sangue, e avisou-os que, se a entrevista não fosse como ela queria, mandava devolver pela internet da NOS.