E se 37.000 votassem e todos os abstencionistas?


Expresso, 14 de Janeiro 2022 - pág. 34

Não é um problema regional,
são fáceis de detetar, o problema
é quando a "febre" atinge os
jornalistas.

P enso que este tema não traz dissabores à votação partido-eleitoral, é sobre algo que salta aos olhos de todos, naturalmente menos aos beneficiários. Há uma clara subserviência de jornalistas na Madeira a propósitos partidários e a alguns indivíduos com ambições. Há muita maneira de o fazer, tantas como os concursos públicos a adjudicar a empresas do regime e a empregar as pessoas das cunhas partidárias. Deixemo-nos de cinismos e teatros. Se aos comentadores é permitido a análise, se ao comentador enquanto candidato deve se ausentar do comentário e assumir a pele de candidato, o jornalista tem todo o direito de comentar pensando na imagem que quer construir agora, jornalista que faz notícia extrapolando doideiras com fins eleitoralistas, é inconcebível. A insistência de vários prismas sobre o mesmo assunto não é inocente. Os assessores fazem o seu trabalho, os jornalistas fazem crivo e a moderação das intenções que muitas vezes nem são notícia. A Madeira noticiosa anda resumida e focada num objetivo.

O maior valor de um jornalista está na sua respeitabilidade, idoneidade, equidistância e imparcialidade, há mais, mas com isto chega para respeitar a deontologia. Não digam que são todos uns santinhos a serem desonrados por alguém que responde, o que é perigoso para a credibilidade é confiar em números dos boys. Eu vejo de tudo nos jornalistas e seus instintos, sei dos que fazem convictamente o jeitinho e esses levariam um chute, outros que o fazem porque se vêem apanhados por uma conjuntura e os tempos são difíceis, aquela é a profissão que traz comida para casa, a esses o chute seria no proprietário. Há ainda os híbridos, ora são de combustão ora são elétricos, mas nunca desmontam da honra que perderam e para isso estrebucham. Iguais a políticos apanhados e empresários malandros. A Justiça já pouco diz, é de quem paga um bom advogado.

Há uns esbaforidos que fizeram uma opção na vida mas agora não podem fazer como no partido que manda, metem todos na pocilga para distribuir a sujidade e depois o menor "porco" por entre os inflacionados, que é o principal porco, sai ileso. Jornalista que passa o risco é como secretário que não se demite.

A promiscuidade roda há muitos anos num poder de décadas, tantos que alguns aprenderam que democracia é isto mas não é. O sucesso de dizer sem escrutínio é meio caminho para a mentira acomodada e protegida. Perseguir quem faz o seu trabalho prova que o perseguidor, o ambicioso ou o jornalista perderam o desígnio do coletivo.

A "iniciativa política" de alguns jornalistas transfere dos políticos para eles as respostas dos opositores, lesados ou visados. O que é uma anedota! O político ou tachista usa o jornalistas com meias verdades ou totais mentiras de que não deveriam ser porta-vozes mas sim mediadores da informação. Mais uma vez é perigoso para a credibilidade confiar em números dos boys.

Nesta campanha, a ideia cimentou-se e não há volta a dar, noutras houve condescendência e nestas regressaram como sempre impunes e aumentaram a dose. Sentem-se seguros no ganha pão mas, as pessoas lêem, há muito se passou a era dos setentas e oitentas com pessoas "tapadas". Podem ganhar e se sentir vencedores, mas são como eleições em ditaduras onde tudo se conjuga sem menor hipótese da concorrência por palcos e poderes completamente controlados.

Houve uma era em que choviam insultos gratuitos a uma família inglesa por praticar a isenção informativa, nunca se viu misturas de interesses pessoais, de família ou negócios a instruir as edições para fins em causa própria. O que agora se passa é a valorização dessa família apesar de tombada pela promiscuidade. Parece que foi uma lição para que os escribas ficassem do lado da promiscuidade mas participa quem quer. Poupem-nos de saídas à moda de "Maria Vieira".

Enquanto isto, cada vez mais comentadores são inseridos para abonarem a narrativa oficial, os jornalistas sentem-se impelidos ao mesmo num ambiente que se degrada dia-a-dia. Nem o facto de cada vez mais pessoas o dizerem em comentários nas redes sociais, por vezes excessivos na forma mas não na verdade, faz os proprietários, jornalistas e comentadores verem que a Madeira não é deles por terem um poder. Pode parecer que há domínio mas a Madeira não só perde população pela pobreza, que não deixa procriar, como pela fuga por uma oportunidade no estrangeiro. O reverso da medalha está aí, parece uma alteração climática que ninguém quer ver mas vai matar.

A cada comentário lúcido sobre a situação, os que sentem apanhados enfurecem com as costas quentes. Não vai dar certo.

Residente no concelho de C. de Lobos
que também tem Presidente de Câmara

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 30 de Janeiro de 2022
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