Carta aberta à Drª Rita Andrade

Minha cara amiga Rita,

L i com atenção todas as notícias e o coro de comentários hipócritas das redes sociais, trabalhados pela narrativa que tentam impor, sobre as medidas anunciadas por si para resolver o problema do emprego, mais corretamente, do desemprego. Confesso que tenho muita curiosidade em perceber melhor as novas medidas que pretende implementar para combater o desemprego da Região, mas até ao momento só vi apregoarem sobre as sanções aos que recusam as ofertas de emprego.

Rita, falar dos outros é fácil quando se tem um bom emprego conseguido por cunhas, uma orgânica à medida, favorecimentos e Deus sabe lá mais o quê, depois esquecem-se dos que estão há mais de cinco anos inscritos num Instituto de Emprego sem receber qualquer subsidio ou rendimento. Eles vivem de estigma e são vadios?

Rita convença-se que o seu Instituto é parcamente gerido por pessoas sem a mínima competência técnica ou pior, sem a mínima sensibilidade humana. Os apelidados de Gestores de Carreira do IE não são mais que funcionários públicos, a quem a sorte bafejou com um emprego para a vida. Desconheço se têm objetivos a cumprir com o numero de empregados que colocam no mercado de trabalho, mas pelo que me foi dado a conhecer, tanto se lhes dá, como se lhes deu, porque o ordenado deles está garantido façam muito ou pouco.  

Rita não sei se sabe, mas se não sabe devia, que muitos dos que estão em programas de Emprego ou em Estágios Profissionais recebem abaixo do ordenado mínimo, alguns sem direito sequer a uns dias de férias, quando o Estado, como pessoa de bem, devia dar o exemplo.

Rita não acredite em tudo o que lhe contam ou dizem. Os desempregados não são os únicos maus da fita e, se analisar, vai verificar que existem muitos mais vilões nesta triste história. A desorganização do IE é de tal forma que muitos desempregados são encaminhados para entrevistas em empresas que se mostram surpreendidas porque a vaga já foi preenchida, ou, pasme-se, o curriculum do entrevistado não tem nada a ver com o que a empresa procura.  

Neste momento tenho a convicção que a incompetência é uma marca do Instituto de Emprego e garanto-lhe que, pelo que me foi dado a conhecer, nenhum dos doutores do IE teriam emprego no privado.

Se juntarmos à ineficácia do Instituto de Emprego, o facto de muitos dos ditos empresários pretenderem apenas fazer rodar estágios sobre estágios, para usufruir de mão-de-obra subsidiada temporária, então temos o caldo entornado.

Por tudo o que foi acima referido, as minhas dúvidas incidem no facto de, se apenas os tais desempregados vadios irão ser penalizados e suspendidos por 90 dias, ou se também existirão medidas penalizadoras para as empresas que utilizam o IE como uma empresa de trabalho temporário.

Para que não me considere extremista, concordo que existem desempregados que preferem usufruir de uma renda mensal do que trabalhar, mas por favor, não nos meta todos no mesmo cesto. Respeite os querem trabalhar e que só exigem o mínimo de dignidade.

Rita, não há inocentes nesta história!

Beijinhos de uma desempregada que só quer uma oportunidade para mostrar o que vale!

Enviado por Denúncia Anónima.
Sexta-feira, 7 de Janeiro de 2022
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