Assinatura, sim ou não?

 

E m breve terei que decidir se sigo ou não a(s) assinatura(s) de jornais, estão todos no mesmo mês. No lote estão os dois matutinos regionais da Madeira. Faço assinatura anual porque isto de comunicação social anda volátil nos nossos dias. Ora uns são bons, ora perdem credibilidade, ora mudam de mãos, de jornalistas ou colaboradores com artigos e tudo isto tem influência no produto final. A despesa em assinaturas já foi superior, há 17 anos que tenho esta responsabilidade numa empresa mas nunca me mandaram cortar por verba disponível, portanto é uma avaliação meritória. Existe de tudo, neste ano um grande grupo empresarial caiu a pique mas, era tão bom, que o produto mesmo ficando aquém das expectativas chega para renovar a assinatura. O que não sabem é que estão perto da incerteza. Foi a política que os fez cair, interferência direta.

Eu não aprovo a assinatura, eu sugiro e, quase sempre, é aceite na íntegra, havendo uma pergunta ou outra em casos novos sobre a pertinência. Acompanho portanto todos os que me são possíveis e decido por alguns. Há casos em que a assinatura deve-se a uma única pessoa que escreve no meio em área paga e que é referência em determinadas matérias. Quem está numa área não pode estar noutra com o mesmo conhecimento de causa, precisa identificar e seguir alguém naquilo que é uma orientação pública sobre algumas temáticas. Se conferir pelos alertas será sempre idóneo, se alterar ou divergir, tentamos perceber e avaliar do porquê (a vida não é linear), se mudar então trava-se a fundo. Interesses. O interesse está no objetivo e não nos deslumbramentos pessoais desinteressantes.

Quero mandar um recado em particular para os jornais da Madeira, se a prioridade é servir proprietários e quem paga, o que acontece à independência do editorial? Se são escravos da faturação então são agência publicitária. O "core" é a notícia e não os serviços promocionais encapotados de notícia ou de artigo de opinião. É triste uma publicidade paga ter direito a uma notícia favorável, afinal a manipulação jornalística é componente da publicidade? Se os comentadores são cada vez mais os que servem ao poder, onde anda a análise e o contraditório? Ter cargos públicos na Madeira é um passeio. A notícia e a análise estão a arrastar os dois matutinos para a lama, quando até podem ter sucesso comercial, mas a minha análise é do produto e não da viabilidade. Eu quero comprar notícias e análise, não bajulação. Supostamente, este posicionamento deve-se ao facto da bajulação ser mais favorável (rentável) à viabilidade da empresa, dos funcionários e neles naturalmente os jornalistas.

O comentário político não pode estar a cargo dos políticos, o jornalismo e os comentários não podem estar a cargo dos interessados em causa própria, protegendo ou afastando a análise critica sobre eles. Já gozam de tempo de antena pelo cargo e depois ainda vêm comentar sobre o seu próprio trabalho e sobre seus oponentes. O cargo não dá lugar a duas formas de comunicar porque, nessa lógica, o oponente nada terá em favor. Não estamos em democracia? Outro exemplo, o comentário do CINM não pode ter os dirigentes, interessados e advogados em causa própria a comentar. A Madeira não percebeu o ridículo de ser acusada de lavar dinheiro mas, entre portas, ter só inimigos externos? Que doideira esta? Significa, neste caso, que toda a massa critica da Madeira pretende que tudo fique na mesma.(?) E nada disto excluí os interessados de dar a sua perspetiva, o que digo é que os interessados ficam em posse total da opinião publicada, pelo espaço avassalador, pelo destaque, pela minúscula cobertura dos outros. Há muita maneira de fazer urdir o resultado final pretendido,

Com os dois exemplos, entre muitos mais, percebemos a prática do lobismo total nos dois matutinos da Madeira, os jornais que deveriam servir de contra poder, contra balanço, ecléticos e de crivo da verdade colocada à disposição das pessoas para fazerem a sua análise, perde-se. A forma que os jornais da Madeira adotaram e praticam é de colocar já pensado na cabeça do leitor, são dois jornais de regime, "quer queiram, quer não". Nas análises aos vários órgãos e ao longo de 17 anos vemos quem fecha, quem muda de mãos, etc, e por esse pormenor (mudança e mãos) é interessante verificar a alteração de comportamentos, é aí que se define a mudança na idoneidade do editorial porque esse deveria se manter firme. Mais interessante fica quando os dois únicos jornais entram em conflito legal pertencendo ao mesmo dono. A análise projeta-se além do produto, a notícia e a análise, e verifica entidades reguladoras a dormir.

É destas e de outras variantes que se compõe uma análise que dá parecer negativo a(s) assinatura(s), ela não está no âmbito do aspeto gráfico mas de conteúdos. A notícia que todos querem dar e que não faz desmerecer das boas graças vão sair, pagas ou gratuitas. Assim, as notícias que deveriam sair do enorme manancial que existe na Madeira, os exclusivos e investigação, nunca verão a luz do dia neste esquema de encobrimento. As notícias que vão na sequência do governo são palha porque mais vale ler os documentos públicos que os suportam (gratuitos). Os comentários estão bem melhores fora dos jornais do que no expositor de interesses pessoais colocados neles. Por vezes, um curto comentário numa rede social, borra um texto de 2500 a 3000 carateres. Neste ano não passam mas para o ano há nova análise.

A Madeira perdeu a mística jornalística. Não se nota localmente porque todos regem-se pelo mesmo diapasão de sucesso pessoal. No esquema que existe na Madeira não pode haver sobrevivência de jornais suportados na análise e na notícia, unicamente na bajulação e como agência publicitária.

Achei que deveria publicar parte da minha análise. Obrigado pelo vosso tempo.

Nota: nenhuns "papers" ou "leaks" foram explorados na Madeira.

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 9 de Janeiro de 2022
Todos os elementos enviados pelo autor.

Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira