As altas Problemáticas?


Não são Problemáticas.
São um problema social ou de justiça.

A s altas de que falamos, e dizem ser problema, são apenas as “altas médicas”, pois não são considerados para efeito de alta outros profissionais de saúde, o sistema está desactualizado, quando a alta deveria sim, ser clinica, decidida em equipa.

Os utentes com altas médicas só se tornam em “altas problemáticas” porque precisam, para além dos profissionais que já lhes deram “guia de marcha de saída”, dos enfermeiros, dos erradamente classificados como Assistentes Operacionais, que são Técnicos Operacionais na Saúde, precisam de fisioterapeutas, dos seus cuidadores informais e acima de tudo dos seus familiares ou pessoa significativa, escolhidos por eles, quando ainda possuem capacidade para tal e de muitos outros, como psicólogos, nutricionistas, etc, de uma vasta equipa que deve ser liderada pelo profissional considerado mais importante, no processo de tratamento, reabilitação, promotor de maior independência da pessoa e família que gere uma crise de doença.

Precisam de tudo o que se disse atrás, precisam de carinho e muita consideração e respeito, o que não precisam é de continuarem em hospitais abandonados, passando os seus dias num ambiente onde impera a doença. Existem sim, familiares que abandonam os seus nos hospitais e ponto final.

O Estado e a RAM, são demasiado permissivos e tolerantes no abandono e, as soluções que implementam, consideram mais os interesses de grupos organizados que vivem da sua génese. São milhões os garantidos pelo orçamento de estado e regional que algumas santas IPSS, e "clubes" afins, disputam.

 As altas não são problemáticas, o que é problema é a continuidade dos cuidados e tratamentos que são necessários continuar a garantir, de forma planificada e continuada, após a alta médica.

Somos um país, em matéria de saúde, vendido ao lobby médico e farmacêutico, os hospitais públicos estão excessivamente politizados, com administrações nomeadas que ás vezes ou raramente acertam no mérito e na competência dos nomeados: é difícil acertar em duas coisas, na confiança politica e na competência dos escolhidos.

Por isso falamos em “cuidados continuados”, e em alguns países, os mais evoluídos, falam em “Internamento em Casa”, em outros na europa, muito mais evoluídos, tratam do caso dentro do seu Sistema onde já incluíram e implementaram uma dinâmica de intervenção na saúde e no social, do hospital ao domicílio e vice-versa, com centros de saúde e unidades de retaguarda que operam em rede estreita com estruturas do poder local, os municípios.

"Doentes com alta médica que não vão para casa, são problemas sociais. Se há famílias com posses e condições para receber essas pessoas e não o fazem, é um problema da Justiça", recentemente concordei com este comentário, de quem conhece muito bem a nossa realidade hospitalar.

As altas medicas, consideradas um problema, são as que alimentam outros negócios paralelos; as altas não são problema, o problema é a ausência absoluta de soluções que possam blindar a génese de altas de utentes que continuam a precisar de cuidados continuados e planeados; o problema é o modelo anacrónico e inútil que hoje se tornou o SRS/RAM, que não consegue resolver as altas médicas, ditas por eles problemáticas, nem as listas de espera e que devido a uma politização e mercantilização da saúde, não se esforçam para entregar determinadas altas que são pura e simplesmente propositados abandonos nos hospitais à justiça.

Então porque será que ninguém abandona nos hospitais ditos privados? Porque o seu departamento jurídico funciona e o financeiro também, porque as dividas, lá não prescrevem, como acontece em alguns hospitais públicos. Na verdade estamos bem entregues, nós, quiçá as futuras altas problemáticas, num qualquer hospital público em 2030.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira,16 de Novembro de 2021
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