A Madeira não descarboniza o transporte público

 

L i o artigo dos ferries em Canárias (link) e gostaria de contribuir para o debate na questão dos transportes. Estamos, a partir da Madeira, a recriminar a Cimeira do Clima que sendo a última oportunidade soa a cinismo de tantos, mas aqui também.

Começando pelos autocarros da Horários do Funchal, passamos décadas com os mesmos chaços e depois, quando fomos buscar autocarros novos, acertamos de novo na combustão fóssil, inadmissível. Significa que não sendo ricos temos longos anos na mesma pegada de carbono. Conheço a problemática da Madeira (igual a outros lugares) mas a decisão, sendo de uma empresa com capital do GR deveria dar o exemplo a todos, se eléctrico ainda não resulta o que dizer do hidrogénio? Ainda por cima temos uma empresa nacional, a Caetano, que fez uma parceira com a Toyota para criar um novo autocarro urbano, segundo eles, para a Europa. Deve ser por isso que não chegou à Madeira.

O Funchal tem desvantagens com os declives mas uma vantagem com as rotas curtas. O autocarro da Caetano usa a célula de hidrogénio da Toyota (Mirai) e a marca tem fama de durar. Os inconvenientes do eléctrico desaparecem, este autocarro carrega em 9 minutos para uma autonomia de 400km e a piada é que trazem os mesmos logótipos na parte de trás (HF) que permite ao cliente se financiar com a Europa. A primeira encomenda nacional foi a autarquia de Cascais mas depois seguiram-se outras 30 da Alemanha (a Wiesbaden), Espanha, França e Dinamarca.

E porque correu bem, veio outra encomenda da Alemanha para serem operados pela Rurtalbus , do grupo RATH/ Dürener Kreisbahn (DKB) (em Bona e Aachen), e mais outra de Barcelona (da TMB) depois de ter corrido bem com a Alsa em Madrid.

Tudo continua a correr tão bem ao ponto da joint-venture da Toyota Motor Europe (TME) e a Salvador Caetano terem reforçado a sua aliança para a expansão das soluções de mobilidade com emissão zero da Toyota, segundo eles para uma sociedade do hidrogénio.

A aliança estratégica foi tornada pública pela Toyota: a marca explica que a Toyota Caetano Portugal (TCAP), joint-venture da Toyota Motor Europe (TME) e Salvador Caetano, reforçou a sua aliança estratégica com a CaetanoBus e a Finlog. A aliança impulsionará a expansão das soluções de mobilidade com emissão zero da Toyota. Parceiros só se confirmam por acçoes de confiança e então, a Toyota Caetano Portugal (controlada a 68% pela Salvador Caetano e a 27% pela Toyota Motor Europe) investiu 39,1 milhões de euros em acções da CaetanoBus e da Finlog. A JV vai comprar 61,94% do capital social da CaetanoBus por 16 milhões de euros e 49% da Finlog por 22,7 milhões de euros. Aposta para valer.

Continuam a cair encomendas, da Irlanda, Dublin e Cork, que juntam o útil ao agradável porque o autocarro funciona com hidrogénio produzido em Dublin pela BOC Gases. Os autocarros fazem parte do programa piloto da Autoridade de Transporte Nacional que envolve vários autocarros elétricos de dois andares, com célula a combustível de hidrogênio. A ideia é examinar todas as tecnologias disponíveis para determinar a melhor solução para fornecer energia às frotas de urbanos em várias cidades irlandesas. Nada como a pequena prática, nem foi tentada cá.

Julgo que chega sobre o trabalho que a Madeira não fez nesta matéria, apesar de ter organismos credíveis mas, passemos à outra parte, fazer o madeirense desistir da sua mania de novo rico e aderir aos transportes públicos, cada vez mais vazios. Será da regressão demográfica? Tal como no vosso artigo do ferry vamos às Canárias. Mas antes disso quero manifestar desprezo a uma série de políticos, empresários e jornalistas, que ganham de 2.500€ para cima, a fazer o jogo da escravidão usando trabalhadores no desemprego como bode expiatório. Falta de pessoas para trabalhar para aquecer.

O que inviabiliza muitas vezes é o custo para se trabalhar com um vencimento tão curto, como sustentar um carro ou um passe. Agora vamos às Canárias, a ilha de Grã Canária, onde estão a levar a efeito uma campanha de promoção da mobilidade moderna, sustentável e acima de tudo acessível, visa com a redução de preços e viagens ilimitadas, promover o uso dos transportes públicos. Por um mês de viagens ilimitadas o residente paga 28 euros e os jovens 20€. Não é o Luxemburgo, onde é gratuito, mas o governo local fez a sua aposta. Quando a Horários do Funchal perde passageiros em Grã Canaria multiplicou-se por 14 desde 2015, para 32,5 milhões de viagens em 2021. Lá não se espera descarbonizar investindo em betão, dos 5,9 milhões de euros de 2015 hoje o governo local gasta 23 milhões para reduzir o preço dos transportes públicos. O que significa que a crise dos combustíveis não está a afectar os cidadãos. Cá vai o link.

E o Porto Santo ilha verde, e os apoios curtos para carros eléctricos, e as outras companhias de autocarros e o destino da Bazuca? Por aqui me fico porque está a ficar longo. Tenho mais umas umas para dizer, regresso.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 2 de Novembro de 2021
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