Resposta a: "A manif das motas passou ao lado do problema que gerou o custo "


Honda U-GO (eléctrica)

R elativamente ao texto de opinião "A manif das motas passou ao lado do problema que gerou o custo" link, a manifestação os motociclistas focaram a questão da sinistralidade sem fazer grande mea culpa ao problema das modificações. 

Isso assim é porque a justificação estatal para implementação da obrigação de IPO para motociclos é a sinistralidade. Mas factualmente não é verdade. Apenas 0.3% dos acidentes se devem a falhas mecânicas. Inclusive até a Associação de Técnicos dos IPO's corrobora esta posição: link  

Além disso, só falaram em alguns países da UE porque são países que não vão implementar esta lei. A Suíça não faz parte da UE, por isso nunca poderia ser referida. No artigo referido do Jornal da Madeira de facto não indica que os motociclistas da Madeira falassem do problema do ruído mas no continente de certa forma falaram: 

"Somos contra a imposição de inspeções de forma arbitrária, sem explicação concreta e plausível. Não contra as inspeções em si", frisou Paulo Ribeiro, elemento do Grupo de Ação Motociclista (GAM) link

"Qualquer ação na estrada por parte das autoridades, PSP ou GNR, consegue controlar o estado dos veículos"  link

Ou seja, os motociclistas aceitam inspecções, mas não desta forma. As autoridades no dia-a-dia conseguem facilmente detectar alterações que violam as regras. Basta não ser surdo. É o que vão fazer na Dinamarca com o acto da inspecção a ser realizado na estrada, no âmbito das operações stop. Claro, com equipamentos adequados para poderem provar o excesso. A inspecção não é a solução. Nem sendo 1 vez por ano.

Os automóveis vão à inspecção há muitos anos mas também os há por aí de escape aberto. Nas motos, alterar uma ponteira de escape completa deve demorar 5 a 15 minutos. Se for para retirar apenas o Db Killer demora no máximo 5 minutos. (Db Killer é uma peça que existe em algumas ponteiras de escape do mercado pós venda. Ela limita o ruído aos níveis legais)

Há de facto motociclistas convictos de que o ruído salva-lhes a pele e por isso irão dar-se a essa maçada de alterar a moto 1 vez por ano para passar na inspecção. Sou motociclista e estou de pleno acordo com o autor do texto. O ruído seja de motas ou carros, é um absurdo. É possível conduzir moto sem ruído. A forma de conduzir tem de ser diferente para compensar a menor "mancha" visual que um motociclista produz. Mas não são técnicas que sejam ensinadas nas escolas de condução. Pelo menos não foi essa a minha experiência. Tudo o que eu sei sobre condução defensiva é pela minha pesquisa. Sem formação nas técnicas de condução defensiva, não será fácil mudar a cultura dos motociclistas ruidosos. 

No curto prazo proponho que devem haver operações stop regulares a todos os veículos com verificação do ruído em particular. Se dúvidas houver, o veículo deve ser apreendido e levado a uma inspecção. Verificando-se que não cumpre, deve ser bem multado, no mínimo de 500€ para cima. E deve ser destruído o escape ilegal. Nos casos reincidentes, devem ser julgados e condenados a só poderem conduzir veículos eléctricos.

No médio prazo, devem ser ensinadas técnicas de condução defensiva na formação de condutores, sejam automóveis ou motos e sobre um relativamente ao outro. No que toca ao civismo da condução, novamente há abusadores. Felizmente não é a regra. Mas isto se aplica a todos os condutores de veículos. 

O facto das motos passarem entre os automóveis nos semáforos é algo útil que deve observar regras cívicas e de segurança. Mas falando em civismo também é algo que podia ser mais facilitado pelos automobilistas (se possível).

Por haver esta facilidade das motos filtrarem o trânsito, os motociclistas devem facilitar mais os automobilistas em entroncamentos. Pois facilmente poderão passá-los mais adiante, quando o trânsito aumenta. Esse automobilista também facilitará o motociclista nessa altura. 

Fora os abusos que se falou e que são uma minoria (mas chata), temos de encarar os motociclos como uma solução e não um problema. A maioria dos automóveis leva apenas 1 a 2 pessoas. É minha convicção que se 15 - 20% dos automobilistas passar a usar motociclo deixava de haver grande parte dos congestionamentos e parte considerável dos problemas de estacionamento. Pois cada moto poderia ser mais 1 automóvel. Seria pior para todos.

Deixo a seguinte seguinte consideração. 

Considerando a redução de custos em combustível, manutenções, estacionamento e menor tempo de viagem (nem que seja à procura de estacionamento), um motociclo de 125cc paga-se a si próprio num prazo de 3 a 4 anos.

Realizei essas contas no meu caso e confirmei que depois das despesas (seguro, manutenção e combustível consumido pelo motociclo 125cc) poupei cerca de 3000€ em 3 anos (só em combustível) relativamente a um automóvel a gasolina com consumo de 8l/100km, para realizar um percurso diário de ~30 km/dia. Acresce a poupança nas manutenções do automóvel pois passaram a ser apenas 1x por ano.

3 anos foi o tempo do empréstimo para adquirir o motociclo. Portanto, tal como referi, o motociclo pagou-se a si próprio. Mas a compra de motociclo não basta. Aconselho adquirir bons equipamentos de protecção, nomeadamente luvas, casaco, calças (sobrecalças) e se possível calçado. E que sejam adequados para o calor, para o frio e para a chuva. Acresce ao custo mas vale toda a pena para uma condução em conforto, mesmo na chuva.

Haja civismo e respeito entre todos. Especialmente de alguns motociclistas e de alguns automobilistas.

Nota adicional e conselho para outros motociclistas. As regras que observo para passar no meio do trânsito: 

  • os automóveis devem estar parados, ou em marcha muito lenta com vias suficientemente largas;
  • Tem de haver espaço suficiente para passar sem ter de parar;
  • independentemente de haver espaço e os automóveis estarem parados, os motociclos devem filtrar em marcha lenta (não mais de <15 km/h de diferença), atentos a qualquer abertura de porta ou mudança de direcção dos automóveis, mesmo sem ser assinalado; 

Outra regra importante é nunca passar a meio do trânsito entre vias de sentido contrário porque: 

  • Há menos espaço;
  • possibilidade de haver veículos que mudam de direcção repentinamente;
  • Possibilidade de choque com outro motociclista em sentido contrário a fazer o mesmo.

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 20 de Outubro de 2021
Todos os elementos enviados pelo autor.

Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira