O voto da senhora D. Ermelinda

 

U m leitor assíduo do Correio da Madeira enviou-nos uma foto para provar que houve fraude nas eleições autárquicas. Na foto é visível Miguel Albuquerque que foi finalmente apanhado com o nariz – perdão - com a boca na botija. Segundo o eleitor João Severino, Miguel Albuquerque chegou disfarçado de gaja com uma carteirinha meio larilas e entregou um Cartão de Cidadão em nome de Maria Ermelinda Silva. A mesa, por distração do presidente, não pediu a Miguel Albuquerque que tirasse a máscara ou abrisse a camisa para mostrar o soutien de modo a permitir a identificação da eleitora.

Miguel Albuquerque agradeceu ao presidente da mesa com uma voz de falsete e dirigiu-se ao local do voto, onde uma câmara de vídeo, inocentemente colocada pelo Lopes da Fonseca, o filmou a votar no CHEGA. Depois levou meia hora a dobrar os boletins porque, como se sabe, é difícil dobrar os boletins em quatro. Depois, para completar o baralho, retirou mais quatro do bolso já dobradinhos para meter na urna sem ninguém se aperceber. Se o número de boletins fosse superior aos nomes descarregados nos Caderno Eleitorais, a lógica da mesa era atribuí-los aos eleitores não votantes. Como o Calado faz com as contas e dá sempre certo.

Já todos sabemos que os membros da mesa da Assembleia de Voto são sempre os mesmos há mais de 20 anos, por isso há que mostrar competência e eficiência.

Depois de meter os doze boletins na urna, sem ninguém se aperceber, saiu da Assembleia de Voto e regressou agora vestido com um fato de mergulho com o Cartão de Cidadão do Roberto Vieira e uma máquina fotográfica pendurada no pescoço.

Por falar em máquina fotográfica, e aquela do Prada? Não lhe correu nada bem, o método de fotocópia com uma Polaroid das antigas não deu certo, não se conseguia dobrar o voto, até se viu escrito "sem o meu rebento não tens graveto", era um nulo.

Já noutra rodada, Miguel Albuquerque ia a caminho da Assembleia de Voto agora disfarçado de apanhador de bananas, com nódoas e tudo, um verdadeiro Peter Sellers dos disfarces na Pantera Côr de Rosa. Quem o reconheceu foi a senhora dona Maria Ermelinda Silva que lhe perguntou se não se tinha esquecido de devolver o cartão do cidadão e o vestido da foto, ao que Albuquerque respondeu: - fica para a noite porque agora temos que fazer o servicinho até às 20H. - Ahhh ok! Disse com ar de malandreca Maria Ermelinda Silva que lhe piscou o olho: - não se esqueça da minha lista de espera, já vão duas eleições. Albuquerque ripostou: - Cá nada! Os cães que detetam Covid já cheiraram o vestido, também conseguem encontrar pessoas nas listas de espera.