O desafio da imprensa e do jornalismo na Madeira

 

C om 47 anos de Abril e 200 anos da primeira lei portuguesa que criou um quadro em defesa da Liberdade de Imprensa, a Madeira está sob um tremendo desafio. Bem dizem que a melhor forma de quebrar um poder é por dentro, e foi isso que aconteceu ao jornalismo na Madeira, entre os primeiros que fizeram jogo duplo jogando pelo jornalismo e pelo poder até à presente data, onde descaradamente alguns jornalistas optaram por defender a cleptocracia reinante. Uma enormidade de casos trouxe o descrédito e finalmente a compra pelos piores inimigos: o poder político associado ao económico em cleptocracia.

Aqueles que derrubaram o jornalismo na Madeira estão tão bem quanto os políticos que governaram para si. Não deixam no seu andamento, como o hidrogénio, água pura e ar limpo. O ambiente é tenso e mau para o jornalismo. Muitos sentem-se obcecados em servir, já não escondem publicamente a alegria de ter contribuído por um desfecho quando deveriam ser isentos, mantendo a sua liberdade de escolha em democracia.

É triste ver o jornalismo da Madeira a fazer coro e não a explorar a notícia. É triste ver a contribuição para fundamentar erros e alimentar narrativas. É triste vê-los a fugir da notícia, o que contribui para a desinformação. É triste o orgulho efusivo por ter derrotado muita verdade, por força bruta dos diversos poderes reunidos em total inépcia nas suas funções.

Enquanto o jornalismo barafusta com o único repto depois de alcançada a segurança financeira, as redes sociais, este não percebe que está a permitir a migração da palavra, da notícia e da opinião. Nem mesmo o coro liga porque para estes, os órgãos estão controlados, viram-se para novos objetivos. Neste novo tempo, o direito de publicar expandiu-se muito além dos órgãos de comunicação social, o que cria duas situações, o apuramento da verdade ganhou mais crivos e as responsabilidades inerentes a liberdade de imprensa deixou de ser um exclusivo dos jornalistas. Por tremenda ironia, 200 anos passados depois da primeira Lei de Imprensa de 1821, o poder político e económico cimentaram o jornalismo na Madeira. Desta feita com mel em vez de porrada, por autocensura temendo a censura prévia que existe mas não se materializa porque só a presença intimidatória, do poder político e económico que controla, medram o ambiente que os protege. Tudo é tácito. Perante este facto, urge se debater onde dói, nas redes sociais, as novas formas de censura e a sua relação com a liberdade de imprensa, de expressão e a cidadania na Madeira, promovem a fuga para as redes sociais e esvaziam mais o interesse na comunicação social.

Abril esmoreceu na Madeira, as instituições não funcionam e atrevo-me a dizer que "em abril, cada pulga dá mil" e que "onde há cães, há pulgas".

Como garante o detentor de uma das primeiras carteiras profissionais de jornalista, o jornalismo é um “ato de amor”, Baptista Bastos lamenta que a “falta de paixão” do jornalismo português que o afasta do público, e garante que “os verdadeiros jornalistas são uma minoria; o resto são umas adjacências”.

O jornalismo contemporâneo na Madeira perdeu-se na sua postura de servir para cair em graça dos mais diversos poderes, um nadinha até ao colosso desprestigiante nos nossos dias, ameaçado e condenado a críticas e contradições, porque alguns se servem dele para obedecer a lógicas partidárias, económicas ou por “ajustes de contas”. Recentemente vi o maior inimigo do jornalismo na Madeira e precursor das tentativas de controlo a entrar vitorioso no último bastião, o sem vergonha, mais uma vez um ex-jornalista, destruiu por dentro e agora dita o bom jornalismo. Os criminosos do jornalismo que um Código Deontológico consegue produzir.

Conclui-se que os grandes desafios colocados ao jornalismo e aos jornalistas, cujo impacto é mais notado na imprensa escrita onde a profissão historicamente se consolidou, se aglomeram em três principais de fenómenos:

  • pelo pós-industrialismo;
  • pela digitalização; 
  • por um cenário de agudização da crise económica com origem na redução de receitas e do valor de troca no jornalismo que o entregou a "bandidos". Já não se compra publicidade, compra-se o jornal.

Por força da realidade regional, a imprensa tornou-se palco dos que apostam e querem ser vistos pelo regime e onde poucos executam com lealdade a função. É triste, por necessidade ou não, estar com a cleptocracia reinante. Publique-se no Correio da Madeira, porque dói. Uma palavra de apreço aos jornalistas camaleões obrigados a conviver com os vermes em maioria.

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 2 de Outubro de 2021
Todos os elementos enviados pelo autor.

Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira