Arrasador


M uito se tem falado nas redes sociais sobre as mentiras e aldrabices dos que lá escrevem apenas pelo prazer de chatear os políticos, mas poucos falam nos títulos da imprensa que manipulam os seus leitores. Isto a propósito de um título num jornal que se diz idóneo. “Calado arrasador” foi um título, quanto a mim infeliz, que um jornal da nossa santa terrinha publicou logo no dia seguinte às eleições autárquicas de 2021. Arrasadoras seria sim o grau de certeza das sondagens que o referido jornal publicou uns dias antes, que se vieram a se revelar completamente erróneas e para as quais o referido jornal não se prestou a dar quaisquer justificações para as falhas.

Mas vamos a factos e a conclusões! 

Poucos sociólogos, politólogos ou antropólogos conseguem explicar o fenómeno da abstenção e muitos encontram justificações no laxismo, no comodismo ou ainda na desilusão de uma geração de eleitores que já não acreditam nos políticos.

Medir a abstenção ou a mobilização dos leitores inscritos para votar tem muito a ver com a motivação de mudar os protagonistas porque, para deixar ficar como está, não vale a pena sequer votar.

Nas últimas eleições a abstenção foi a grande vencedora pois nenhum partido político conseguiu alterar a crença do eleitor de que não vale a pena votar naquilo em que já não se acredita.

Analisando os dados das últimas autárquicas e comparando os resultados obtidos, o único grande arrasador das Autárquicas de 2021 foi afinal Carlos Teles. Conseguiu motivar mais de 57% dos eleitores inscritos a votar e aqui cai a primeira tese de que os abstencionistas, por habituação, já sabem quem vai ganhar e por isso nem vão votar. E com este resultado seria deselegante não dar os parabéns a Carlos Teles pela mobilização popular que conseguiu.

Logo a seguir na lista aparece António Garcês, o tal independente que teve o apoio explícito do PSD/CDS com a emblemática frase “Unidos Por São Vicente”, baixou apenas uns pontos percentuais em relação a votação de 2017, quando era realmente independente. Depois segue-se uma lista de outros ilustres candidatos com uma média acima de 30% dos possíveis eleitores inscritos.

A grande surpresa dos que menos motivaram o eleitorado vai para Pedro Calado e a sua equipa que conseguiu, com o apoio do CDS, ficar em último lugar da lista da motivação com apenas 25% do eleitorado, isto é, um quarto dos 106 mil eleitores inscritos no Funchal! E para não ser injusto com Rubina Leal, muito perto dos números de 2017 contra o inderrotável Paulo Cafôfo.

Com todos estes números, fica assim ainda mais difícil de perceber o título “CALADO ARRASADOR” do tal jornal, porque tudo leva a crer que não foi Pedro Calado a ganhar as eleições mas sim Miguel Gouveia a perder pela inércia governativa que fez no Município do Funchal. Como diria Maria José Nogueira Pinto, contra Miguel Gouveia até o Rato Mickey ganhava.

Não tenhamos dúvidas que no Funchal os tais 18% de indecisos, que não quiseram votar em nenhum deles, é que venceram as eleições autárquicas.

Mas os números dizem aquilo que os políticos querem, algumas figurinhas do PSD tiraram as conclusões que lhes interessava para promover Pedro Calado em detrimento de Miguel Albuquerque.

Parabéns a Carlos Teles que continua arrasador no seu concelho.

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 7 de Outubro de 2021
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