A Gesba gere subsídios, não Banana.

 

T enho visto com frequência a falta de representatividade e popularidade da Gesba no seio dos produtores de Banana da Madeira. Se alguns se queixam do trato recebido e da forma como fazem a triagem da Banana, fica claro que também o aproveitamento da mesma em subprodutos é zero, em especial com o "postal" dos camiões a levar Banana para a Meia Serra.

Um dos principais problemas com influência nas alterações climáticas é a capacidade do mundo em produzir comida para tanta gente. Se a produtividade por área é um desafio, descobrir alimentos sem agredir o ambiente é outro. Muito desse desafio está em aproveitar melhor o que produzimos e, a nossa Banana é daquelas que se destaca no desperdício. Repare, se sob o ponto de vista do fruto há muito desperdício, a gestão da Gesba provoca muito mais!

O que aqui quero dizer passa por canais de distribuição, acordos internacionais e acabar com a estupidez da economia madeirense em marcar passo com o pato bravo do Sousa.

Tal como aprendemos a usar máscara com a Covid, precisamos de começar a agir num novo mundo. Precisamos de encarar uma produção correta da Banana em subprodutos em vez de deitar fora, é necessário uma reeducação e informação à população por forma a aproveitar as partes menos nobres das frutas, legumes e vegetais como potenciais fontes nutritivas e não como lixo. O madeirense é algumas vezes preconceituoso, é preciso mudar. E agora vamos à vaca-fria ...

Toda gente tem presente as bananas em camiões para deitar fora na Meia Serra, por serem pequenas, no entanto, amadurecidas são em tudo igual as maiores. É comer duas em vez de uma. Tivemos o projecto da Bananim que se esfumou só faltou a capacidade de vender, exportar, de gosto ninguém se queixava. Mas o que venho aqui falar são das partes descartadas, por consumidores e cooperativa como as cascas de bananas para a feitura de subprodutos ... para todas as classes sociais. temos a vantagem da Banana, de entre as frutas que se destacam no mundo, ser popular e considerada uma das mais importantes. Não precisa de apresentações, é de consumo universal, de grande poder nutritivo em carboidratos, potássio, vitaminas e de baixo teor em proteínas. Dizem que é o ideal para matar a fome ... A Banana é um fruto cómodo de transportar e manusear, não precisa de faca, apreciada por pessoas de qualquer idade ou classe, pode ser consumida ao natural, frita, assada, cozida, em calda, em passas, doces caseiros e industrializada ... é por aqui que deveríamos dar um passo.

Há poucos dias, vimos por imagens conexas ao vulcão de La Palma de como os transportadores de lá carregam os cachos em pé até ao centro de triagem e não sobrepostos uns nos outros. Com certeza já daqui haverá menos desperdício e significa que precisamos de dar formação para sermos mais eficientes. A apanha e transporte não é trabalho secundário, faz parte da cadeia produtiva e gera desperdício da maneira como trabalhamos! É preciso instruir, capacitar, aperfeiçoar e dar as ferramentas certas aos colaboradores, para que tenham consciência e estejam habilitados a evitar desperdícios desnecessários. Desperdiça-se muita fruta porque amassa, esmaga e perfura no manuseamento e transporte, implicando menor durabilidade. 

Sem muito investimento, o retorno com lucro é acelerado com a industrialização da Banana, é dos mais vantajosos no aproveitamento de subprodutos dentro do processo agroindustrial, permitindo uma grande absorção do produto, inclusive o tal desperdício que vemos na Madeira após a triagem. Mas com a industrialização vamos mais a montante no aproveitamento de desperdícios, àquela que fica no terreno e no cultivo. Meus amigos, a banana apresentada sob forma industrializada prolonga a sua vida útil e evita alguns inconvenientes da fruta natural, suportando o tempo de transporte para longas distâncias. Podemos vender para muito mais longe, o mundo é o mercado.

Os subprodutos industrializados de que falo não se cingem ao consumo humano, as partes não usadas como os restos dos cachos de bananas, considerados "lixo", podem ser utilizados localmente na alimentação de suínos, bovinos, equinos, etc. A parte do pseudocaule pode ser usada  na cobertura de "camas" para animais em confinamento (se produzirmos mais do que "limousines" de exposição), serve para a produção de esterco animal ou ainda como suplemento de ração para ruminantes. Estas partes representam entre 35 a 50% do peso do cacho maduro, sendo até agora considerados resíduos da banana. Os desafios do mundo têm resposta no melhor aproveitamento da produções, em 2011, quase um terço dos alimentos produzidos no planeta (1,3 bilhões de toneladas) para consumo humano foram desperdiçados.

A Banana é uma riqueza que não sabemos explorar! Tem na sua casca três vezes mais vitamina C do que a Laranja e um maior teor de açucares disponíveis do que sua polpa. A folha da Bananeira e o pseudocaule possuem hemicelulose e celulose, que podem ser transformadas durante o processamento fermentação. A Gesba gera muitas toneladas de resíduos oriundos da fruta, deveria mudar a sua postura pensando em como melhor aproveitar e dar interesse económico, social e ambiental, estudando as opções para um aproveitamento da Banana em subprodutos. A Gesba deveria ter outra responsabilidade com os bananicultores, sabendo sacar da mesma produção mais rendimento enquanto cooperativa mas, alguém se mexe? Subsídios ...

Numa experiência diferente da Bananim, ao desenvolverem estudos para uma geleia de casca de banana, deram-se conta do aumento do teor de compostos fenólicos e da capacidade antioxidante no produto final. A casca da banana pode ser considerada como alternativa de compostos bioativos, não deve ser deitada fora! Reconheço que na Madeira já se falou na farinha mas não se explicou para entusiasmar. Num estudo, concluiu-se da viabilidade da utilização de farinha de casca da banana como produto dietético, de menor valor nutricional, porque a casaca não contém um alto teor proteicos, a sua média é de 7,32%, com o benefício de possuir um alto teor antioxidante, 89,61% por grama de farinha, um produto extremamente atrativo!

Meus amigos a Madeira também é mundo e precisa de fazer a sua parte no respeito pelo ambiente e na contribuição para a alimentação mundial. A Banana é como se dizia do porco antigamente, nada se desaproveita! 100 g de banana equivale a 104 kcals, Proteína 1,6 g, Gordura 0,4 g, Carboidratos 21,8 g, Fibras 3,1 g, Vitamina A 4 mcg, Vitamina B1 0,06 mg, Vitamina B2 0,07 mg, Vitamina B3 0,7 mg, Vitamina B6 0,29 mg, Vitamina C 10 mg, Folatos 14 mcg, Potássio 430 mg, Magnésio 28 mg, Cálcio 8 mg, Ferro 0,4 mg. É preciso puxar pela cabeça!

Tenho de perguntar, para que serve a Gesba? Gerir subsídios, dar tachos e produzir políticos extremistas? "Gestão do sector da banana" não vejo com tanto "ouro amarelo".

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 4 de Outubro de 2021
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