O Partido dos Ricos

A o longo de 45 anos da Governação do PSD na Madeira nem tudo foi mau. O PSD dos anos 80 liderado por João Jardim era um partido social com um sistema de proteção e saúde dos melhores de Portugal. Quem não se lembra que a saúde era de excelência e totalmente gratuita porque era financiada e bem pelos impostos de todos nós.

Na altura existia uma classe média constituída por quadros bem pagos e pequenos empresários que minimizavam os desequilíbrios entre os ricos e os muito pobres, fomentando a circulação de dinheiro localmente pelo comércio e serviços.

A partir dos anos 90, o PSD tornou-se refém da ambição de meia dúzia de empresários e, sem dúvida, que o grande culpado foi João Jardim que não teve mão para refregar a cobiça de gente sem escrúpulos, ávida por abocanhar outros modelos de negócio, sendo o caso mais gritante o da Saúde.

Pode-se defender que a livre iniciativa e o liberalismo é a alavanca para uma economia pujante, mas a Madeira tornou-se pseudoliberal, ou seja, somos todos iguais, mas os empresários ligados ao PSD por relações obscuras tiveram todas as vantagens de pertencer a um partido hegemónico. A justificação de muitos é que o dinheiro não dá para todos! O resultado deste erro estratégico não foi criar novos-ricos, mas sim aumentar a distância social e empobrecer, ainda mais, todos os outros.  

Os últimos anos de João Jardim foram um autêntico desastre e quem esperava que Miguel Albuquerque trouxesse uma nova estratégia social para reduzir os desequilíbrios enganou-se. Miguel, por ausência de visão estadista, colocou-se mais à direita de Jardim e rebentou definitivamente com a parte social da sociedade, desaparecendo definitivamente com a classe média.

O autismo político e social do PSD-Madeira limitou-se a criar 500 famílias de gente muito rica, que segundo os Censos, corresponde a apenas 0.6% da população da Madeira. O pior é que a estratégia criou também 20 mil desempregados e uma franja de inúmeros sem-abrigo que vivem no limite da sobrevivência, situação nunca antes vista no tempo de João Jardim.

De um Governo socialmente exigente pelo cumprimento dos direitos dos mais desprotegidos, passamos para uma sociedade liberal em que cada empresário faz o que lhe apetece oferecendo condições muito perto do esclavagismo.

É um facto que existe oferta de emprego mas, ninguém fala em que condições. Existem casos de empresas a oferecer abaixo do ordenado mínimo que ainda têm o 13º mês do ano passado e o subsídio de férias de 2021 por pagar. Em nome do porreirismo partidário, o Governo é propositadamente lento em fiscalizar estes casos, assobiando para o lado. A pandemia não pode ser culpada de tudo porque muitas dessas empresas foram financiadas por dinheiros públicos para manter os empregos mas que, na realidade, nunca chegaram a quem de direito.

E se o cenário já não fosse dramático, o PSD-Madeira criou agora uma sociedade de inúteis na Função Pública deixando os profissionais como professores, os enfermeiros e outros tantos à beira de um ataque de nervos, com ordenados equivalentes a 2010.

A classe média ficou reduzida apenas aos nomeados pelo partido, aos dirigentes da Função Pública e aos quadros dirigentes de pequenas e médias empresas, contabilizando um total de 2% da população ativa, deixando mais de 72% dos outros a contar o dinheiro que resta para o fim do mês.

Tenho a certeza que nenhum de nós se importa de pagar impostos se tiver a certeza que os impostos vão servir para proteger os menos afortunados e não para enriquecer os mesmos das obras. 

Miguel Albuquerque nasceu em berço de ouro e revelou-se incapaz de olhar para a sociedade com humildade e humanidade. Miguel foi, sem dúvida, o maior erro estratégico do PSD-Madeira.

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 18 de Setembro de 2021
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