Músicos e animadores

 

D esde há muito, com a evolução da nossa sociedade, existem diversas realidades na RAM em termos de música ao vivo com músicos (artistas) de carreira e animadores. Entenda-se um músico (artista) de carreira, um indivíduo que estudou ao longo da sua vida académica para ser um profissional da sua área artística, e insisto no “artística”, pois aqui se inserem não só os músicos como também todos os artistas profissionais que sobem a um palco, sejam eles bailarinos, atores e afins. Poderia referir todas as profissões inerentes ao mundo do espetáculo (coreógrafos, técnicos, guionistas, etc) mas não é esse o ponto onde quero chegar. Estes artistas do mundo do espetáculo, normalmente vivem das suas apresentações ao público, seja a solo, seja em grupo (companhia, banda, orquestra) e têm o seu ordenado, principal fonte de rendimento, resultante de contratos, receitas e/ou subsídios.

Por outro lado, temos os animadores, e por favor não se ofendam de os chamar assim pois o meu objetivo é arranjar um termo para referir-me à sua generalidade, e não rebaixar o seu nível artístico.

Entenda-se por animador, no mundo do espetáculo, como sendo um artista com alguma formação na área, mas não sendo um artista de carreira, não tendo um grau académico na especialidade X ou Y nem sendo conhecido pela sua arte exímia de especialidade virtuosística na modalidade que usa para fazer o seu trabalho. Se bem que existem animadores que são experts na arte da animação ...

Trocando por miúdos, entenda-se um músico/artista de carreira como sendo um bailarino profissional ou um clarinetista profissional que vivem dessa mesma área pela qual são designados. Um animador também poderá ser um bailarino ou um instrumentista, mas não terão a formação académica consagrada para tal, mesmo vivendo igualmente da mesma área pela qual são designados.

O cerne da questão aqui é o pagamento dos serviços. Este, meus amigos, é o “elefante na sala” de que ninguém quer falar. E então, depois das quarentenas, é tudo à louca a ver quem faz o menor preço! Mas mesmo assim, vejo músicos profissionais a cobrar €150/hora por um concerto ou evento e depois vê-se animadores a cobrar aos €500, €1000 e até mais POR CONCERTO?! Mas por que carga de água é que estes artistas ganham mais do que um profissional? Num smartphone, a versão normal custa menos do que a versão “Pro”. Aqui não, a versão “Pro” é a versão de desconto, e a versão normal é a que cobra mais!

Ok, ok, venham de lá as bocas com mil e uma desculpas:

  • é a fama e o prestígio;
  • é a equipa, o manager, o gasóleo, as bailarinas e as caixas de rapé;
  • é o piano topo de gama e super exclusivo;
  • são as roupas bordadas a ouro;
  • são as viagens às comunidades que custam caro (quando não há “padrinhos”);
  • é a [longa]carreira artística?…;

No mundo normal, ganhar €10 ou €20 por hora é o habitual. Quando pensamos num profissional graduado como um músico ou bailarino, ganhar €100 ou €150 à hora não será nada descabido e é prática comum, se for muito bom, até poderá ser mais. 

Em que mundo é que UM artista animador ganha €500, €1000 POR HORA?? Ah, e nem se fala aqui dos grupos porque essa é outra discrepância tão chocante como esta!

Agora que a febre da política está a terminar, e as autarquias vão começar a funcionar normalmente, fica uma sugestão, na reabertura do mercado, a todas as entidades públicas e privadas que costumam contratar serviços a artistas: procurem artistas com a mesma lógica de quem procura um novo smartphone, procurando a mesma relação de preço/qualidade.

Se ao menos houvesse alguma entidade que certificasse cada artista/grupo com selo de qualidade, pelas boas práticas, qualidade artística e preços justos ...

Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 24 de Setembro de 2021
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