Festival de Fado 2021


P elo 4.º ano consecutivo realiza-se mais um evento, no Teatro Baltasar Dias, sobre o Fado. Temos a oportunidade de ver e ouvir todos os anos, algumas dos maiores artistas do fado a nível nacional, e “alguns” fadistas da região. Pra mim como amante de fado, é dos eventos que não perco por nada deste mundo.

Supostamente o Festival de Fado Funchal, também ia servir para dar a conhecer ou a divulgar, o talento dos nossos artistas do fado regionais. Felizmente existem imensos fadistas e vários músicos de fado, alguns deles com tanto talento como os que vem de fora. Só precisam é de uma oportunidade.

Mas infelizmente não é isso que acontece.

 - E gostaria de perguntar à Direção do Teatro Baltasar Dias, se por acaso, apenas só conhecem uma única fadista aqui na região, e uma guitarra portuguesa?

Faço esta questão, porque em todas as edições deste Festival, este casal tem de estar sempre presente, ou como convidados em palco (na última da hora), ou como figuras de cartaz.

- Ora vejamos, na primeira edição em 2018, o tal músico que toca guitarra portuguesa atuou com os seus músicos, e acompanharam o fadista Gonçalo Salgueiro. E a sua mulher aproveitou também para aparecer ao lado desta grande referencia nacional do fado. Pois só assim conseguiu que alguém nesta terra soubesse que ela era fadista, e que conseguia cantar em outros palcos, sem ser na cozinha do restaurante da sogra, ou debaixo da secretária do 500.

- Em 2019, a mesma formação liderada pelo tal guitarrista, volta a subir ao palco do teatro para acompanhar a fadista Alexandra, e ainda durante este Festival são contratados numa segunda vez , para fazerem um tributo a outro artista do fado nacional. (Em nenhum dos outros dias do festival foram contratados outros artistas regionais).

- Em 2020, o projeto a solo do tal músico volta outra vez a tocar no teatro, (e numa contratação feita na ultima da hora, em nenhum dos outros dias do festival foram contratados outros artistas regionais ).

Em 2021, a historia repete-se, pois a mulher do tal guitarrista, voltará a estar presente, no palco do Teatro Baltasar Dias. Com tantas outras opções, e alternativas, nesta terra de bons fadistas, gostaria de saber porque são sempre os mesmos artistas a tocar e cantar no mesmo festival. (Já parece a Ivete Sangalo, no Rock in Rio).

A não ser que este casal, decida cantar e tocar de borla só para poderem actuar todos os anos no Teatro. Se for esse o caso, é muito mau, pois assim estão a desvalorizar a sua profissão e a prejudicar os outros colegas. Depois não venham para as redes sociais reclamar, em tempos de pandemia, que estiverem muito tempo sem trabalhar e sem receber qualquer apoio do Estado.

Aquilo que se comenta na comunidade do fado regional, é que a tal “fadista”  gabava-se na Zona Velha, ( antes de ter enganado e roubado o negocio da sogra ), que estas contratações regulares, eram feitas por ter uma cunha que esta mantinha dentro do teatro, e que proteja  estes artistas. Se assim for, isto é GRAVE, pois é manipulação e trafico de influencias, para poderem favorecer este casal, e desprezando assim os restantes fadistas regionais. Isto não é trabalhar para a Cultura, é apenas aproveitar-se do poder que tem para favorecer os amigos.

Muitos outros fadistas desta terra e músicos de fado, mereciam também uma oportunidade no Festival de Fado, e que vos garanto, que irão manter e dignificar a qualidade do Festival.

Existem outras alternativas na comunidade fadista regional, e com um currículo invejável, como por exemplo, a Susana Andrade, Amorim, Mário Pedro, Vera Lúcia, Maria Alves, Eugénia Maria, Rosa Madeira, Paulo Amaro etc, todos eles com uma carreira longa com discos gravados e que já foram imensas vezes lá fora representar a nossa ilha, e já actuaram em grandes palcos lá fora ao lado de outros grandes fadistas nacionais.

Na guitarra portuguesa, estou a lembrar me do Alvarez, e do grande César Abrantes (professor e mentor) do tal guitarrista que tem contrato vitalício com o Teatro. 

Este exímio guitarrista de enorme talento (César Abrantes), também merecia uma oportunidade neste Festival. Assim como na nova geração, temos a nossa querida Beatriz Silva, que em Lisboa faz sucesso em todas as casas de fado que canta e eventos onde participa, e o seu talento é reconhecido pela grande Ana Moura. Esta nossa pequena pérola também já tem discos editados. Portanto se existe dinheiro para contratar os de fora, também podem contratar para virem cá, os madeirenses que fazem sucesso lá fora.

Espero que no próximo Festival de Fado, se eu ainda estiver por aqui, que possa ter o prazer de ver outros nomes do fado, da nossa terra, e acho que devemos ter gratidão pra com todos que nos dão valor e acima de tudo acreditam e nos dão força no nosso dia a dia em prol da cultura.

Não tenho dúvidas que este ano, o evento do Festival de Fado será memorável, mas por favor, não tornem o Festival de Fado, numa política de cunhas e interesses e de tachinhos para os amigos.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 20 de Setembro de 2021
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