Saúde: vou viajar no tempo!

 

Página 5, edição JM, Domingo 29-8-2021

Transporte de doentes não urgentes.

S erá que ninguém, apreende com o erro, e que para além disso, insiste, na sua prática, embora, com um lapso, temporal, quiçá pensando que todos nós somos gente de memória curta. Nada de especial, apostando no futuro regressando ao passado é especialidade da RAM. Vamos a factos:

  1. O único cliente de uma empresa de transporte de doentes não urgentes é o SRS/RAM;
  2. O único que lhe poderá conferir sustentabilidade, pelo número de transportes solicitados;
  3. O único que o levará á falência, por incumprimento nos pagamentos;
  4. Tudo isto já aconteceu.

Actualmente, e ao que parece, é noticia que: “O SESARAM, que já faz mais de 5 mil serviços por mês, passa a ter mais uma alternativa. A nova empresa está constituída desde Fevereiro e já tem ambulâncias preparadas. Falta apenas o licenciamento”.

É curioso, nesta noticia da RTP, a 04-07-2017, já se falava ou se preparavam para este sector de mercado ser explorado por privados mas, com o olho posto no sector público, sem o qual a empresa nunca será viável, também se percebe que estará sem concorrência:

Fica a questão, será mais uma alternativa ou uma opção para se criar a Via Litoral da Saúde? Mais um monopólio igual a tantos outros? Dominados pelos mesmos de sempre, já que se assiste ao negocio decorrente de protocolos entre empresas privadas na saúde, que se alimentam do filão que são as altas problemáticas, que ninguém quer resolver. Porque não refundar um SRS/RAM, que chegue aos domicílios, com o internamente domiciliário devidamente institucionalizado?

A opção seria sempre fixar o utente no seu habitat natural, a opção nunca poderá ser a da institucionalização forçada e apresentada como única via. Sendo única, porque o SRS/RAM é ineficiente e incapaz de chegar aos domicílios? Aqui até se compreende que existam protocolos com empresas privadas do ramo da saúde mas, também se exige uma nova política de comparticipação de serviços de saúde, extensiva a todos os profissionais de saúde, comparticipando o governo nos serviços de saúde prestados nos domicílios. Aqui o GR não quer investir, NÃO QUER SER PIONEIRO, NEM INOVAR, porque já investe nos contratos que tem assumidos com os amigos do sistema, suportando e alimentando inúmeras IPSS, desreguladas, um sorvedouro de dinheiros públicos que alimentam e talvez premeiam os subservientes a uma causa politica.

Como foi o caso da ESBRAM, a tal empresa de transportes de doentes, com um único cliente e que num ápice ... já era, Deixando o utente em terra e dividas para o erário publico pagar.

Ora então, porque não se comparticipa o transporte de doentes não urgentes a 100% na factura paga pelo cliente, ou se implementa um sistema de pagamento assumido por organismo governamental, com cruzamento de dados, entre instituições, tal como acontece com as seguradoras que assumem o reboque do carro dos seus clientes.

Ora, porque na saúde não se implementa serviços de saúde, de enfermeiros, fisioterapeutas entre outros que, prestando serviços aos domicílios, aliviam os serviços do SRS, devidamente comparticipados, alguns até 100%?!

Nesta matéria, quem fica sempre a perder é o utente, contribuinte do sistema para um SRS/RAM que, não tendo capacidade de resposta, empurra o cliente e os serviços para uma privada, acabando o utente por financiar a privada por duas vias, a da sua carteira e pela utilização indevida dos seus impostos: INTOLERAVEL e INADMISSIVEL!

Mas, voltemos ao passado, precisamente 2011, quando foi noticiado:

"Rui Nunes, um dos administradores da ESBRAM fez um balanço positivo a este serviço, que teve início em Agosto de 2008. De acordo com o responsável, até ao momento, foram efectuados 25 mil transportes, numa média diária de 280 a 300 transportes, um número igual ao do ano passado”.

“A Empresa de Serviços de Bombeiros da RAM (ESBRAM), responsável pelo transporte de doentes não urgentes, efectua cerca de sete mil transportes por mês. O número foi avançado ontem por Rui Nunes, administrador da empresa, à margem da cerimónia de entrega do certificado de qualidade da APCER à ESBRAM”.

“Em termos financeiros, Rui Nunes garantiu que a ESBRAM tem tido resultados positivos pese embora "algumas dificuldades de tesouraria porque o cliente é um, às vezes há também dificuldades em pagamentos que se atrasam um pouco".

Em 16-11-2012, Miguel Ferreira, então Presidente do CA, do SESARAM, já dava a adivinhar o fim da ESBRAM.

“O presidente do Serviço Regional de Saúde da Madeira (SESARAM) admitiu hoje que existem várias áreas em situação de «ruptura total», porque tem «a conta a zero» e não pode efectuar pagamentos a fornecedores”.

Em abril de 2016, o então Secretário Faria, Nunes define os preços a cobrar pela empresa SESARAM, por doentes não urgentes, no entanto o SESARAM assume-se como única empresa na região que realiza transporte de doentes não urgentes. Em 2018 o SESARAM já estimava pagar 1M€ à AITRAM. O negócio é apetecível.

Mas, que pensar da noticia da RTP 28 de Abril de 2021, que noticiava o “fim do monopólio” no transporte de doentes não urgentes! É conveniente que se justifique que não existe nem monopólio, nem cliente único, quando as associações de táxis já reclamam de incumprimentos e, eventualmente, surge no mercado uma nova empresa privada de transportes de doentes não urgentes, que todos sabemos, não sobrevive sem o cliente único.

Seria trágico ou até anedótico, que esta nova empresa privada venha a ter o mesmo destino que a ESBRAM, já que as condições do mercado são as mesmas e o monopólio, para a sua sobrevivência, é condição obrigatória.

Nesta matéria da saúde, assistimos sempre ao facto do negócio satisfazer mais grupos de interesses do que o utente, para o qual ele foi criado e deve servir. O utente, triste contribuinte financia tudo, mesmo quando vão à falência pela mão destes nobres obreiros, gestores públicos!

Para se entreter e deitar mãos à cabeça:

Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 29 de Agosto de 2021
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