Frente Mar de São Vicente

 

Antes de falar sobre o projeto em si gostaria de saber, em forma de pergunta, se existe algum estudo sobre a estabilidade da encosta sobranceira aos estabelecimentos ali existentes.

C hamo-me Filipe, tenho 41 anos e surfo naquela baía digamos ... há mais de 20 anos, são poucos os que conhecem as marés, as ondulações e suas diferentes direções, os fundos, as correntes e a dinâmica daquela praia como eu e demais surfistas. Falando desta dinâmica, e já existem estudos sobre este fenómeno, a onda quebrando a 50mt da costa vai perdendo força e inercia até chegar à costa, o que é bom, sendo isto a melhor defesa natural contra a destruição da encosta e suas arribas. Ora, alterando esta dinâmica, avançando nem que seja 1 metro (quanto mais 6 como neste projeto) na praia, vai interromper o natural movimento das areias e pedras da mesma, podendo acumular estas pedras e areias junto à encosta, não esquecendo que tem uma ribeira que desagua mesmo ali ao lado e, por consequência, as ondas quebram mais perto da mesma, chegando aos muros ali existentes com mais força, provocando estragos avultados e irreversíveis.

Alternativa: porque não reduzir a uma faixa de rodagem (a marginal), com trânsito condicionado para cargas e descargas e veículos para pessoas com mobilidade reduzida, autorizando/permitindo aos estabelecimentos colocar mais mesas e cadeiras em frente dos mesmos, aumentando a capacidade de clientes e consequentemente os negócios aumentarem os seus lucros e muito provavelmente terem de contratarem mais pessoal para servir à mesa, balcão e cozinha, gerando mais emprego. Será muito mais agradável estar a consumir sem “levar” com carros e mais seguro para famílias com crianças.

  • É um erro provocar a desertificação da vila em função da praia, a lógica é os estacionamentos servirem para os dois.

Existe uma alternativa que é aumentar o estacionamento existente junto à ribeira ou mesmo usar aquele edifício abandonado em frente, do outro lado da estrada, mais seguro e mais barato e a 50mt do mar. Qual o estudo de mercado para estacionamento de 14 autocarros? Dois ou três compreendo, agora 14, estamos a falar de 750 pessoas, o arraial só acontece uma vez por ano. Ao nível do surf significa que são são mais duas ondas que se extinguem (devido ao efeito Backwash), na outrora Madeira apelidada “O Havai da Europa”, com grande fonte de atração turística/económica e local. Segundo sei, o clube naval já tem mais de 20 alunos naturais de S. Vicente a praticar surf, temos campeões mundiais da modalidade a fazerem temporadas na ilha, até a seleção de surf estagiou cá. É ver os exemplos do Porto da Cruz e Jardim Do Mar. Para lerem: O impacto do Surf na economia Portuguesa | Surf Around Portugal. Não se falam?

E podem perguntar, então não dá para fazer surf na Fajã da Areia? Sim dá, no outro dia contei 40 pessoas dentro de água, e tenho um amigo no hospital porque levou com uma prancha na garganta, é como colocarmos 40 pessoas a jogar futebol num campo de 11, e com estas opções as pessoas dispersam sendo mais seguro a prática do mesmo. Cientistas no Mundo avisam para a subida do nível do mar, até os melhores engenheiros a nível mundial (Holandeses) a fazer construções, fazem o mais longe possível da costa, quanto mais em cima da praia.

 A imagem diz muita coisa, sabiam que esta onda era apelidada como o Jardim do Mar do norte? Disse "era" porque já não dá para surfar ali devido aquele cais e quantas canoas se vê? Mas é fácil resolver passando os "catrápios" para junto ás piscinas protegendo as mesmas, recuperava-se a onda e as canoas podiam passar para o Seixal ou Porto Moniz a poucos km dali, só em publicidade grátis em revistas de surf, em todo o mundo, esta localidade em pouco tempo aumentava consideravelmente as dormidas no Hotel, Alojamentos locais, e clientes em restauração, bares, etc..  

Aprendi a caminhar em praia de calhau e a cultura madeirense é mesmo esta. 

PS: se a obra for avante como está (espero que não) de quem será a culpa ou quem serão os culpados se a natureza fizer das suas? Avisos e exemplos já são muitos, e como dizem os mais antigos “cuidado com o mar do Norte”.

Se queres respeitar o Mar, encara-o do mar para terra e não da terra para o mar.

Nós perdemos mas ele, o Mar, vai ganhar "doa a quem doer", "custe o que custar", ele sim é um "quero, mando e posso".

PUB: dê LIKE na nossa página do Facebook (link)
Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 04 de Agosto de 2021 22:15
Todos os elementos enviados pelo autor.