As árvores morrem de pé!


O VOSL - Valor Estatístico da Vida é uma variável de Gestão do Risco utilizada no método QTRA. Segundo este método, a probabilidade da queda de uma árvore causar danos fatais é de 1 para um milhão, ou seja, estatisticamente, o acidente das árvores do Monte não se deveria repetir. As árvores morrem de pé e é muito difícil prever o seu colapso, embora a probabilidade de queda seja diretamente proporcional ao diâmetro dos ramos e quadruplica ao longo dos anos. 

Estatisticamente, todos os dias, caem árvores e ninguém dá por isso porque o evento fatal está longe da presença humana. O curioso neste caso é que a probabilidade de queda de uma árvore deveria ocorrer em situações adversas, meteorológicas, como chuva e vento em que a dinâmica e os solos saturados potenciam o risco. 

O caso do Monte já não é estatística e é estranho porque a história recente indicia que das duas vezes que os acidentes ocorreram foi em Agosto e em condições meteorológicas amenas, o que para os mais religiosos prenuncia uma maldição celestial ou algo incompreensível para os Homens. Porque acontece sempre no mês da Nossa Senhora do Monte? Que pecado cometeram os Homens para merecer tanto castigo?

A culpa não deve morrer solteira, mas se o Município do Funchal pagou a peritos na matéria para que avaliassem o riscos, deve obrigatoriamente chama-los à responsabilidade porque não é o Presidente da Câmara que percebe de árvores. O problema é que muitos dos relatórios são levianamente elaborados, sem a necessária e rigorosa análise, porque todos sabemos que neste país se fazem estudos e relatórios apenas para se ganhar dinheiro fácil e que, se algo acontecer, a culpa será sempre do responsável pelo Município.

E não é preciso recuar muito tempo para nos recordarmos da decisão de Gabriel Farinha que, na Santa do Porto Moniz, mandou arrancar todos os Plátanos e não plantou nada, deixando o largo da Santa descaracterizado. E se arrancássemos todas as árvores do Monte? Quem visitaria o Monte? 

Depois da fatalidade das palmeiras no Porto Santo e do Monte, urge alterar a lei de modo a que os peritos e entendidos sejam chamados à responsabilidade sobre aquilo que escrevem nos seus relatórios. 

Todos lamentamos o acidente que podia causar vítimas mortais mas é de louvar a atitude e a coragem do Presidente do Município do Funchal que deu o corpo às balas e enfrentou o descontentamento popular que, embora compreensível e justo, foi manipulado por gente que procurou tirar dividendos políticos do acidente.

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Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 02 de Agosto de 2021 20:30
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