O madeirense é vadio?

 

N o dia 1 de julho comemora-se o “Dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses” e, nem a propósito, o JM publica na sua primeira página uma alusão que o madeirense não tem vontade de trabalhar.

A notícia dava conta que no primeiro trimestre de 2021, 140 desempregados faltaram a entrevistas de emprego e que 20 recusaram a oferta. Se não fosse uma página encomendada pelo Governo Regional para salvar a apatia do Instituto de Emprego, a notícia seria uma ofensa a todos nós.  

Apelidar os madeirenses de vadios é deselegante e asqueroso. Em 20 mil desempregados vinte recusaram a oferta de emprego, isto é, 0.1% e conclui-se que o madeirense é vadio. Na véspera do dia em que se comemora as Comunidades Madeirenses, a notícia é uma afronta a milhares de madeirenses emigrantes que partiram da sua terra em busca de uma vida melhor. Se o madeirense fosse vadio nenhum País os queria como emigrantes. 

O autor da notícia nem se questionou se aos 20 vadios que recusaram a oferta foi-lhes dada uma oportunidade justa e um ordenado minimamente decente. Há muitos casos documentados de centenas de ofertas de emprego em que se paga abaixo do ordenado mínimo, onde inclusive se trabalha mais de 16 horas. Imagine-se um emprego num restaurante no Porto Moniz, onde para entrar às 7, o trabalhador teria de se levantar às cinco da manhã, para sair de casa às seis, percorrer 50 quilómetros do seu próprio bolso, regressar depois das 23 e no fim do mês contar menos de 200€ para alimentar a família. Brincamos?

E, que dizer daquele quiosque, em pleno Madeira Shopping, em que os funcionários ficam 8 horas de pé e estão proibidos de ir à casa de banho? E que dizer daquele empresário que durante mais de vinte anos nunca pagou a Segurança Social dos funcionários metendo o dinheiro - que não era dele - ao bolso?

Infelizmente, este Governo Regional, sem questionar nada coloca-se ao lado de empresários sem escrúpulos que utilizam a pandemia para se vitimizar e explorar mão-de-obra barata em condições muito perto do esclavagismo. Valham, a esses empresários, os imigrantes venezuelanos que, por desconhecimento da Lei Laboral aceitam trabalhar em condições sub-humanas e ainda agradecem! 

A leste de tudo isto estão os sindicatos, cujos dirigentes assobiam para o lado ignorando as atrocidades cometidas por muitos que se dizem empresários mas não passam de Tasqueiros.

Também a leste do paraíso parece estar o Inspetor Regional das Autoridade Regional das Atividades Económicas que, na sua crónica semanal no JM, escreveu sobre vacinas. Faltou-lhe assunto? Pelo andar da carruagem um dia destes teremos a Presidente do SESARAM a escrever sobre o Direito do Trabalho.

A pandemia serviu de justificação para tudo! Para ignorar os atropelos à Lei e para apelidar os madeirenses de vadios!

É fácil escrever barbaridades quando se ganha cinco vezes o ordenado mínimo, Ajudas de Custo, isenção de horário e viatura de serviço! Tenham vergonha na cara antes de escreverem o que quer que seja sobre os muitos “vadios” que vos sustentam com os impostos que pagam!  

Viva o Trabalhador Madeirense!

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Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 30 de Junho de 2021 21:23
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