Com verdade se resolve, meio obrigado ao CM, aguardemos pelo resto ...


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S ou morador na Atalaia e segui de perto a situação do homem levado pelo mar, a ausência de corpo e o tratamento da comunicação social. Há assuntos tabu, ou melhor, há notícias que estando certas no que dizem não exploram as falhas. Mas também há comentadores como nunca ... que não servem para nada. Parece que estamos num tempo de fugir aos assuntos.

Fui autor do texto enviado ao CM e que viu publicação (link do texto). Já me tinham dito que o Correio da Madeira é eficaz mas uma faca de dois gumes, tem muitos olhos em cima, para o bem e para o mal. Tens que ser mesmo anónimo e não dar pistas de quem poderá estar a escrever, porque há "profissionais" no GR com a missão de ver quem dá likes e quem pode estar a enviar textos.

O que sei é que escrevi o que pensei e sei que estava certo na minha opinião, expus a verdade dos factos ocorridos na Atalaia. O homem foi levado pelo mar porque nas horas importantes, nas primeiras para se obter resultados, não tínhamos meios adequados. Ninguém refutou o meu texto mas com certeza cá e lá leram! E no meio de com certeza muitas faltas de orçamento na Força Aérea houve uma meia solução possível.

Os problemas de prontidão são de tal ordem que, ao contrário do que está definido no dispositivo, a Madeira não tem qualquer helicóptero EH-101 desde março, embora esteja previsto que esta semana uma aeronave regresse a Porto Santo, sabe o Expresso. Esta será, no entanto, uma decisão precária, devido aos problemas crónicos com a manutenção destes aparelhos – sempre sujeitos a avarias inopinadas.

Falar verdade, por mais inconveniente que seja, traz algum resultado mesmo que as pessoas se sintam impotentes. Meus amigos, salvar pessoas não pode estar a mais de 900 kms de distância ou a mais horas do que uma máquina se põe desde o continente ou dos Açores até à Madeira. O cidadão que paga impostos não quer saber de justificações para algo tão essencial quando assistimos ao despesismo em toda a governação!

Alguém leu, alguém sabe da sua responsabilidade em falta ou se calhar um pequeno texto no Correio da Madeira desencalhou situações que em ambiente normal de "altas patentes e governantes" não se entendem ou cedem! A Opinião Pública falou e lixou os segredos de gabinete e outras omissões que dão cobertura.

Agora todos vão dizer que disseram mas eu vi e senti a causa-efeito! Porque fui eu que escrevi e relacionei as coisas. Falharam na busca e salvamento do homem ao mar. É preciso uma Opinião Pública mais fiscalizante quando os responsáveis estão em zona de conforto.

Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 4 de Junho de 2021 11:10
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Publicação relacionada: Insultar a verdade por medo dela (link)

Publicação de hoje no Expresso, semanário #2536 4-6-2021:

DEFESA

Helicópteros e aviões no chão. Chefes em turbulência

A Madeira está há três meses sem helicóptero de salvamento e por vezes só há um C-130 a voar. “São meios críticos”, diz ex-CEMFA

VÍTOR MATOS

M

esmo realizadas à porta fechada no Parlamento, as audiências dos quatro chefes militares sobre a reforma da estrutura superior das Forças Armadas, expuseram, esta semana, as divergências que permaneciam na sombra entre os comandantes dos três ramos e o almirante Silva Ribeiro, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) - que se queixou de dificuldades no comando e de não ter sido informado de missões levadas a cabo por Exército, Marinha e Força Aérea. Mas foi o chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), general Joaquim Borrego, que saltou o guião, para assumir aos deputados que é “preocupante a prontidão dos meios aéreos”, fruto do “desinvestimento acumulado” ao longo dos anos.

Tal como a Marinha - como o Expresso tem noticiado - a Força Aérea está com problemas graves de falta de pessoal e de operacionalidade em esquadras essenciais: a frota dos 12 helicópteros EH-101, que fazem a busca e salvamento em todo o território marítimo, teve uma taxa de operacionalidade abaixo de 30% em 2020 e, dos cinco aviões de transporte estratégico C-130, só dois estão ao serviço e nem sempre operacionais.

Os problemas de prontidão são de tal ordem que, ao contrário do que está definido no dispositivo, a Madeira não tem qualquer helicóptero EH-101 desde março, embora esteja previsto que esta semana uma aeronave regresse a Porto Santo, sabe o Expresso. Esta será, no entanto, uma decisão precária, devido aos problemas crónicos com a manutenção destes aparelhos – sempre sujeitos a avarias inopinadas.

Nos últimos meses, a esquadra tem tido apenas quatro dos 12 helicópteros operacionais (dois nos Açores e dois no Continente), seguindo agora um quinto para a região autónoma. Segundo o Relatório da Lei de Programação Militar (LPM) de 2020, a média do ano passado foi de 3,6 helicópteros disponíveis em simultâneo. Dois deles, aliás, já estão inutilizados e canibalizados para fornecerem peças aos restantes, uma vez que a relação com a Leonardo, a marca fornecedora, é complicada: a fábrica não tem capacidade de resposta e desde o Brexit que o envio de material é menos fluido. Segundo o mesmo relatório da LPM, Portugal corre o risco de ”não se conseguir obter um número de aeronaves prontas necessárias para assegurar a missão que está atribuída à Esquadra”, ou seja, assegurar os salvamentos no mar territorial, entre outras missões, como o transporte de personalidades ou pessoal.

"É uma vergonha", lamenta ao Expresso o general Luís Araújo, ex-CEMGFA que também chefiou a Força Aérea e chegou a ser responsável pelo programa dos EH-101. ”Estas são operações críticas”, afirma, sobre os EH-101 e os C-130. “Devíamos ter oito ou nove helicópteros prontos” em cada momento, argumenta, e acrescenta uma preocupação: ”De certeza que o CEMFA não dorme descansado por não ter nenhum helicóptero no Porto Santo. Se acontece alguma coisa, tem de ir daqui um a correr e quando lá chegar ser tarde", avisa. E demora pelo menos três horas, o que pode ser uma eternidade para quem estiver em aflições no mar.

OGMA ATRASA MODERNIZAÇÃO DO C-130

Enquanto os velhos Hércules C-130 aguardam a substituição pelos cinco novos KC-390 comprados à brasileira Embraer por mais de €800 milhões (o primeiro deve chegar em 2023), permanecem um problema agudo: a Força Aérea tinha seis destes aviões, mas se um ficou destruído no acidente de 2016 (que vitimou três militares), outro serve apenas para fornecer sobressalentes; dos restantes quatro, dois estão em modernização na OGMA, restando um par operacional. Com cerca de 40 anos, e sujeitos a avarias frequentes, há fases apenas com um C-130 a voar, apurou o Expresso. E com a limitação de não poder sobrevoar todos os países europeus enquanto os instrumentos de navegação e comunicações não forem modernizados.

“O almirante Silva Ribeiro defende o contrário do que quando servia sob minhas ordens”, diz ex-CEMA Melo Gomes

A intervenção nos dois aviões que estão a fazer o upgrade nos hangares da OGMA, em Alverca – empresa controlada pela Embraer onde o Estado mantém 35% - tem sofrido atrasos significativos. Quando o primeiro C-130 entrou nas oficinas em março de 2019 para uma transformação profunda da tecnologia de navegação do cockpit, de modo a poder voar no espaço único europeu, a OGMA disse ao “Diário de Notícias” que os quatro aviões estariam prontos em final de 2020. Mas ainda nem está terminado o primeiro, que entre outros entraves apanhou com a pandemia. O relatório da LPM classifica o atraso como “crítico” e já aponta a conclusão do projeto para 2024 - quatro anos de atraso – assinalando o risco de se poderem perder fundos europeus que estão a financiar a modernização das aeronaves.

O Expresso enviou um conjunto de questões à Força Aérea sobre estas matérias, mas não foi possível obter uma resposta até ao fecho desta edição. Na audição parlamentar, porém, o CEMFA assumiu que faltam, neste momento, cerca de 1200 militares no ramo e 400 funcionários civis para se “atingir as metas estabelecidas”. E denunciou o “contínuo agravamento resultante do subfinanciamento para a operação”, que, sabe o Expresso, afeta a operacionalidade de outras esquadras para além dos helicópteros de busca e salvamento e dos aviões de transporte estratégico.

DIVERGÊNCIAS E “TURBULÊNCIA” ENTRE CHEFES

Noutro plano, as audiências de terça-feira e quarta-feira na comissão parlamentar revelaram discordâncias profundas no topo da hierarquia da Defesa Nacional: os três chefes de Estado-Maior apresentaram uma lista de críticas à 'reforma Cravinho’ - coincidentes com a polémica carta dos 28 ex-chefes militares - o que tanto colide com a visão do ministro da Defesa como do próprio CEMGFA.

Apesar de João Gomes Cravinho ter chegado a dizer que não havia ”turbulência" entre os atuais chefes militares quanto à reforma em curso, não foi o que transpareceu, sobretudo da intervenção escrita do almirante Silva Ribeiro, a que o Expresso teve acesso. O CEMGFA disse aos deputados que a clarificação das leis se impunha até por haver ”situações frequentes de interpretações divergentes, totalmente inaceitáveis" entre si e os ramos. E exemplificou com as ”enormes dificuldades de comando, na primeira vaga da pandemia” – só resolvidas depois de um despacho do ministro da Defesa – mas também acusando os outros chefes de ”empenhamento de meios militares sem a autorização do CEMGFA”. Referia-se a situações relativas a “incêndios rurais, evacuação de elementos de forças de segurança de zonas de risco no estrangeiro, ou combate ao narcotráfico e às redes de migração ilegal na nossa costa."

Todo o discurso do CEMGFA deixa entender que as suas relações com os chefes dos três ramos não terão sido fáceis no quotidiano, mesmo antes de a reforma da polémica estar em marcha.

Outro aspeto em que os chefes divergiram foi na definição das "missões reguladas por legislação própria", que a nova legislação considera ser a busca e salvamento, posição defendida por Silva Ribeiro, quando noutras interpretações abrangeria também a fiscalização das pescas, da poluição, autoridade no mar ou o policiamento aéreo (que agora passam para a alçada do CEMGFA).

”Vejo com desgosto que o almirante Silva Ribeiro defenda o contrário do que defendia quando era CEMA e quando servia sob as minhas ordens”, e defendia que essas missões ”não deviam sair da Marinha”, diz ao Expresso o ex-CEMA almirante Melo Gomes, um dos promotores das cartas dos críticos.

O general Luís Araújo, que também assinou as cartas críticas, considera que estas declarações revelam “falta de liderança” e diz que quando foi CEMGFA “nunca” sentiu essas “dificuldades de comando”, embora nem sempre as relações com os chefes dos ramos fossem as mais fáceis.

Mas para o CEMGFA, ao contrário do que dizem os opositores, esta reforma tem como objetivo “promover uma mudança de mentalidade” que “atenuará as rivalidades corporativas, permitindo criar um espírito de corpo conjunto e uma identidade comum das Forças Armadas.” Se não há ”turbulência”, os chefes também não estão a marchar ao mesmo passo …