A sina do homem bom


V amos ser claros: o homem bom é uma figura ambivalente. Primeiro, quantos casos conhecem de homens bons que têm vidas difíceis? Conheço vários casos, conheço muitos exemplos. Maquiavel criticou o papel do homem bom na política. Ele dizia que a piedade e a compaixão são boas virtudes privadas, mas péssimas virtudes públicas. Mas ele não queria destronar os homens bons da política, ele estava apenas a constatar as limitações do homem bom em comparação com o homem iníquo. O malvado tem mais ferramentas, mais truques e mais artimanhas. Estratégias que muito provavelmente repugnam o homem bom, mas que são muito funcionais e instrumentais, no que toca a resultados, pelo menos. 

Vejamos as razões porque o homem bom encara o mundo de modo diferente do malvado. Em primeiro lugar, o homem bom despreza a mentira de modo quase visceral. A mentira é uma arma poderosa, mas o homem bom porventura sabe que produz dano. É racional condenar a mentira. Mas o homem bom, mesmo que saiba usar este recurso, não o faz de modo natural e espontâneo. A razão é simples. Tem escrúpulos. A segunda razão, é incredulidade do homem bom perante a malvadez. Ele não entende que a malvadez é uma atitude, não é uma causa. Ou seja, o homem malvado não aplica a sua malvadez só por razões práticas. Ele assume a malvadez como uma atitude intrínseca. Por fim, o homem mau não tem pruridos em destruir a reputação do homem bom, isto para limitar as coligações e alianças do homem bom. Ora, o homem bom está em desvantagem no jogo político. 

Mas vejamos o nosso papel nesta arena: será que não devemos ser mais sagazes com a manipulação e pela malícia? Não devemos repelir o que é mau e sacudir as suas consequências da maldade. É que a sina do homem bom também é a nossa sina. Uma sina que no arrasta para uma espécie de ditadura das serpentes.

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Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 24 de Junho de 2021 16:37
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