A NÓS ZERO !


A NOS - tal com a cerveja CarlsBerg - é provavelmente a melhor empresa de telecomunicações a operar na Madeira e por isso mesmo é título, epígrafe e exemplo deste pequeno texto crítico.

Em anos de pandemia as operadoras de serviços de TV e Internet não foram minimamente afetadas, pelo contrário viram, pelos motivos mais óbvios, os seus serviços serem mais requisitados mas nem por isso baixaram os preços ou aumentaram a qualidade dos serviços.

Portugal entrou em teletrabalho e as necessidades de um bom serviço era uma exigência daqueles que foram obrigados a trabalhar em casa exigindo em troca um serviço de internet que garantisse a mínima qualidade. A NOS, entre as congéneres ALTICE e Vodafone, até chegou a anunciar que a sua Internet era à prova dos 10 milhões de portugueses. 

Com a recente publicação da Carta Digital dos Direitos Humanos, redigida pela Lei 27/2021, o Governo Português lançou uma série de intenções que correm o risco de não passar apenas de boas intenções eleitoralistas. 

A Lei 27/2021 aponta para a criação da Internet Social para os menos afortunados que, se não for bem redigida e melhor aplicada corre o risco de tornar mais um embuste que vai ser aproveitado pelas operadoras para aumentar ainda mais os seus lucros.

O problema das boas intenções é que se não forem bem legisladas e ao pormenor, promovem os abusos da interpretação da Lei por diferentes pontos de vista e advinha-se por isso uma Internet Social a velocidades muito limitadas e impraticáveis que, depois, podem ser alteradas por uma qualquer opção paga.

A História está cheia de exemplos que não nos deixa mentir. Em 2004 a Cabo TV Madeirense, agora NOS, disponibilizou o “Pacote Zero” permitindo que mais de 7000 madeirenses usufruíssem dos canais digitais a custo quase zero. Quase zero porque os aderentes tinham de pagar o descodificador. Com esta estratégia de negócio a NOS foi buscar mais de 5000 clientes e se alguém pensa que foi por puro altruísmo engane-se porque o Governo Português financiou o altruísmo da NOS em 70% e o Governo Regional em 30%. Com esta estratégia a Cabo TV Madeirense matou dois coelhos com uma cajadada! Angariou um número significativo de novos clientes e afastou a Televisão Digital Terrestre de se enraizar na Madeira.

Se as intenções eram boas, em menos de 10 anos, a NOS-Madeira transformou muitos desses 6000 clientes gratuitos em clientes pagantes usando métodos comerciais agressivos, onde os aderentes do “Pacote Zero” eram constantemente e incisivamente convidados a aderir a pacotes de mais canais por uns míseros 20 euros, ou seja, a intenção do grátis, que foi financiada por dinheiros públicos, deixou de ser!

E se para ter mais canais é preciso pagar, para aqueles que por motivos financeiros ou outro qualquer, não aderiram aos pacotes pagos, a recente obrigatoriedade de aquisição de uma nova BOX com a justificação que a tecnologia mudou e que se não o fizessem deixariam de ver Televisão é, no mínimo, imoral. Que culpa tem o desgraçado do cliente do “Pacote Zero” que a tecnologia tivesse mudado?

Com tudo isto, esperemos que a Internet Social anunciada por António Costa não seja outro logro que vá custar mais caro ao bolso dos mais pobres.

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 2 de Junho de 2021 23:06
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