Plantio de erros


Bom Dia gloriosos malucos.

E ste fim de semana, pela primeira vez depois do confinamento, dei uma volta pela ilha. Confesso que tenho uma lista de visitas escritas ao longo da clausura que advêm de mais pensamento e leitura. Se todos aproveitassem os tempos mortos para se cultivar fariam grandes descobertas.

A minha casa não é uma biblioteca mas não está longe e confesso que me apetece aderir às novas tecnologias para desempedir um pouco mais a loja. Leio habitualmente o CM e, num dia destes, um texto publicado levou-me à procura de um livro que sabia ter. A sua cor ajudou muito a encontrar, "Repovoamento Florestal no Arquipélago da Madeira", de 1952 a 1975, publicado em 1990 por Eduardo de Campos Andrada, um engenheiro silvicultor.

Velha senhora à parte, o que a Madeira é hoje muito se deve a este trabalho, sim, porque uma floresta planta-se para usufruto das gerações vindouras, se são espécies "nobres", porque custam normalmente mais a crescer e a chegar à idade adulta, por natureza, clima ou altitude. O que é pena é que gerações vindouras não saibam valorizar e se entreguem à ganância.

Algumas coisas que se fizeram, hoje em dia, com as alterações climáticas, não seriam aconselháveis, no entanto, estavam de plena consciência das espécies em que se deveriam apoiar, ultrapassada a era de arder lenha para tudo. O assombro está no facto de que, com menos meios mas muito mais sabedoria, obtiveram um sucesso inigualável, se comparadas com as plantações actuais.

Os textos que me fizeram passear foram as ditas "plantações" da Autonomia que não só no betão definham. Hoje em dia não se arde lenha mas sim dinheiro. Depois de tanto esforço, não permanecer a cuidar é um acto de idiotice ou de objectivo comercial. É preciso regar as plantas pequenas, especialmente com este tempo menos chuvoso, tal como se dá biberon aos bébés.

Mas há mais, num incêndio, exceptuando-se com as condições de vento anormais, ele tende a lavrar a subir ou descer encosta (longitudinalmente) porque há vales que refreiam, apesar de que sendo intenso, pode passar de um lado para outro. Por esta razão se criam faixas corta fogo ao longo das várias cotas com espaçamento suficiente. No entanto, se você usa a via rápida no sentido Santa Cruz - Funchal, quando chega à capital, vê uma extensa vertente de montanha "limpa", o que para mim constitui um erro. É preciso ter uma estratégia de plantio longitudinal, por cotas, para que em caso de chuva intensa toda aquela terra remexida não vá bater aos ribeiros e ribeiras que, por sua vez, encaminham-nas para o Funchal com cada foz rebaixada para colher inertes de borla. Aquela extensa área é um exemplo a não seguir, se não "morremos" no Verão "morreremos" no Inverno. Aquele "plantio" (?!) deveria estar seccionado por espécies, tempos de plantação e usando as chamadas infestantes para segurar o terreno para a fase seguinte. A floresta não se gere como as obras que se inauguram até com o alcatrão quente a colar nos sapatos. Não haverá ribeiras da Madeira Nova que aguentem todas as asneiras a montante.

Sem fazer política, porque é justo e até o terreno até ajuda, não é que câmara do Funchal está a saber fazer o seu trabalho no Parque Ecológico do Funchal! Começo a achar que a floresta deveria ser uma prova de maratona, por equipas e prémios por sucesso, entregues a gente que ame e saiba fazer.

O sucesso florestal actual é um fósforo, é uma questão de sorte.

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Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 24 de Maio de 2021 09:02
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