É fácil ser herói quando se está do lado dos mais fortes. O risco de ser despedido é inevitavelmente menor quando comparado com a vantagem de ser promovido e são estes riscos calculados que definem os heróis de hoje.
Sou do tempo em que parava o automóvel no Largo do Município e se comprava o Diário ao ardina sem a preocupação ambiental de saber quantas árvores foram abatidas para produzir uma edição do Diário. A evolução é um sinal do tempo, os ardinas já não existem e hoje os jornais publicam-se na Internet e lêem-se num telemóvel mais perto de si.
O medo faz parte da parte da vida e ter medo é humano, mas existem valores na vida que não pagam o silêncio da verdade. Li algures na internet a preocupação de um jornalista sobre o anonimato e a calúnia das redes sociais.
É preciso ter a noção que hoje qualquer idiota anónimo faz um video no seu telemóvel e publica no Youtube e até ganha dinheiro com isso. Hoje em dia já ninguém compra CDs ou DVDs, e opta por fazer downloads de tudo e mais alguma coisa. Em vez de combater ingloriamente a pirataria as produtoras perceberam que tinham de criar mecanismos tecnológicos como a NetFlix, Itunes ou Spotify para sobreviver e quem não se apercebeu isto morreu!
A preocupação dos jornalistas com o seu futuro é justa porque nos dias de hoje o jornalismo como o conhecíamos já não existe mas por culpa dos próprios jornalistas. A realidade crua e nua é que os jornais, as rádios e a TV são deficitárias num mercado em crise que peca por ser demasiado pequeno e não basta acabar com o papel e publicar eletronicamente para ter sucesso, é preciso mudar o modelo de negócio e vender o que as pessoas querem comprar.
É preciso saber se adaptar aos tempos e não tenhamos dúvidas que os culpados pela crise são os que se acomodaram às verdades das notícias manipulada pelos regimes e pela mão de outros jornalistas.
São os próprios jornalistas que copiam essas verdades sem se preocuparem que por detrás de uma grande verdade há sempre uma mentira maior. O jornalismo morreu e hoje o “Quem, O quê, Onde, Como, Quando e Porquê” ficaram esquecidos no fundo do bolso.
O problema é que os jornalistas ainda não se aperceberam que as notícias tem de ter leitores e hoje ninguém quer saber se o Governo constrói estradas ou esgotos, o que interessa mesmo às massas é saber se o Presidente tem uma amante loura ou recebe dinheiro ilegal por baixo da mesa.
As preocupações dos jornalistas com os Direitos de Autor perdem todo o sentido quando são os próprios jornais que copiam imagens e fotos do Google ou do Spotting sem o pudor de se preocupar com os direitos da fonte. Quantas notícias são publicadas sem referência à fonte? Quantas imagens surgem nos jornais que são retiradas do Google? É preciso dar exemplos? Lançar culpas para as redes sociais, e temer a calúnia e o anonimato é uma justificação fácil e uma falsa questão para justificar os cálculos de uma no cravo e outra na ferradura, quem interessa hoje mas já não amanhã, a mais precisa previsão meteorológica que até possibilita passar entre os pingos da chuva e estar a bem com quem interessa a cada momento. Compreendendo a dialéctica também faz entender que muito anónimo está ávido e acompanha o bom jornalismo sem piscar os olhos e os mais "amigos" do jornalismo já agrediram e são muito queridos no situacionismo controlado para o seu objectivo principal, serenar de um lado e ter inimigos externos comuns de outro.
Todos sabemos que faz parte da deontologia do jornalismo proteger o anonimato da fonte mas inexplicavelmente é esse mesmo anonimato que preocupa os jornalistas. Alguém no seu perfeito juízo acha que teria notícias para publicar se a denúncia não tivesse garantias do anonimato? Vaguear pelas mais diversas instituições policiais e judiciais, numa simples pesquisa pela internet, revela uma imensidão de formulários de denúncia anónima, porque sabem que os prevaricadores adoram o anonimato e de valentes para neutralizar. Aí reside o sucesso dos prevaricadores nos nossos dias e as entidades conhecem o antídoto.
O anonimato protege os heróis dos regimes totalitários, os "todo-poderoso", e não fosse o anonimato da Resistência Francesa hoje em dia falar-se-ia alemão nas ruas de Paris.
Tenham um bom dia!
Nota: a imagem que é envio representa todos aqueles que já agrediram o jornalismo até hoje e que os colocaram na situação actual, não dos anónimos que puxam por ele, desejam e respeitam. As redes sociais são um aliado e não um inimigo da Justiça e do bom jornalismo.
